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A ordem dos alimentos importa mais do que o que você come! 

Desde a crescente popularidade do Ozempic até o impacto da @glucosegoddess, fica evidente que o controle do açúcar no sangue está ganhando destaque. Na edição de hoje, vamos explorar o tópico e entender melhor como manter os níveis de glicose no sangue equilibrados pode melhorar nossa saúde, energia e humor. E para tornar essa jornada ainda mais interessante, trouxe algumas personalidades, aplicativos e conceitos que talvez muitos de vocês ainda não conheçam. Bora? 

Embora o monitoramento da glicose seja frequentemente associado à diabetes, a tendência atual sugere que todos que buscam um estilo de vida saudável devem considerar sua importância. Para introduzir o assunto, vamos começar com a interessante trajetória de Jessie Inchauspé, também conhecida como @glucosegoddess, referência no tema e recentemente tida como a responsável em transformar a glicose no ‘novo glúten’. 

Aos 19 anos, durante uma trilha com amigos no Havaí, uma sugestão inocente levou a um terrível acidente: pularem juntos em uma cachoeira. O resultado foi uma vértebra quebrada, oito horas de cirurgia na coluna e o risco real de ficar paralisada da cintura para baixo. A recuperação física foi um desafio, mas os efeitos mentais persistiram. Diagnosticada com transtorno de despersonalização-desrealização, Jessie descreveu esse período como sentir-se desconectada de seu próprio corpo. Não apenas enfrentava desafios mentais; sua pele sofria, o sono era irregular e a energia escassa. Para ela, era normal acordar precisando de café e, segundo ela, hoje não é. 

Depois de conquistar diplomas em matemática e bioquímica, Inchauspé mudou-se para o Vale do Silício, onde quatro anos atrás teve seu “momento Eureka”. Participando de um teste piloto de um inovador monitor contínuo de glicose, que cabe no braço, ela encontrou uma nova maneira de compreender como os alimentos e bebidas afetam o corpo. Ao perceber a relação entre sua estabilidade mental e os níveis de glicose no sangue, ela mergulhou em diferentes maneiras de comer, copiando novos estudos provenientes de três principais centros de pesquisa: Israel, Stanford e King’s College em Londres. Quando seu nível de glicose no sangue estava estável, ela acordava se sentindo revigorada, sua pele melhorava, ela tinha energia e se sentia mais positiva. 

Querendo compartilhar o que estava funcionando para ela, criou o perfil no Instagram. Porém, foi só quando ela traduziu os dados do monitor em gráficos detalhados e legendas informativas, que ela se tornou viral. Através de seus truques, dicas e receitas de estilo de vida, baseando-se em ciência sólida e pesquisas confiáveis, ela orienta os leitores sobre como evitar picos de glicose ao longo do dia. Seu sucesso não se limita apenas à internet: Inchauspé é autora de diversos best-sellers, incluindo o aclamado “The Glucose Goddess Method, que alcançou o topo das vendas do New York Times.  

Segundo ela, nenhum alimento é bom ou ruim, ou seja, você não precisa cortar açúcares e amidos, mas sim, comer cada uma de suas refeições em uma ordem específica: vegetais e plantas primeiro, depois proteínas e gordura e, por último, amidos e açúcares, incluindo frutas. Por exemplo, uma salada, depois a carne e, finalmente, as batatas. Óbvio que a sobremesa vem depois de tudo, mas o que ela quer dizer aqui também é que não devemos comer alimentos doces como chocolate entre as refeições. Um estudo da Universidade de Cornell mostrou que se você comer nessa ordem, reduzirá seu pico de glicose em 73%, uma vez que a fibra retarda o esvaziamento gástrico e cria uma malha que torna mais difícil para a glicose chegar à corrente sanguínea. 

Agora, vamos conhecer Tim Spector, cientista e influenciador no campo da nutrição, professor do King’s College em Londres e cofundador do ZOE, um app/serviço de nutrição que vem conquistando uma legião de assinantes –  tenho que confessar que fiquei bem impactada pela proposta da sua empresa. Ele é reconhecido por fazer os britânicos olharem para seus estômagos de forma diferente, destacando que as bactérias, os vírus, os fungos e outros micróbios do nosso intestino são vitais para a nossa saúde a longo prazo e que cultivar esse microbioma pode evitar doenças crônicas, comparando-o a um jardim que precisa ser alimentado adequadamente para prosperar. 

Tá, mas como funciona o ZOE?

O ZOE é composto por duas partes distintas: o kit de teste e a assinatura. O kit permite avaliar a resposta do seu corpo aos alimentos, analisando amostras de fezes e monitorando a glicose e a gordura no sangue. Com base nos resultados, o Zoe calcula pontuações para alimentos e refeições, ajudando a criar uma dieta personalizada que melhore sua saúde ao longo do tempo. A empresa se autodenomina “o maior estudo científico sobre nutrição do mundo” e está prestes a publicar dois artigos acadêmicos, um sobre jejum intermitente e outro sobre o impacto do sono na resposta metabólica aos alimentos.

Ok, mas o que é exatamente o açúcar no sangue e por que ele é importante?

O açúcar no sangue, ou glicose na corrente sanguínea, serve como a principal fonte de energia para o corpo e o cérebro, derivada principalmente dos carboidratos dos alimentos. A manutenção de níveis equilibrados de açúcar no sangue é fundamental para o funcionamento adequado dos órgãos e da atividade cerebral. Os desequilíbrios podem levar a vários problemas de saúde, inclusive doenças relacionadas ao envelhecimento, diabetes, ataques cardíacos, derrames e Alzheimer. Além disso, o nível instável de açúcar no sangue pode levar a distúrbios do sono, sono insatisfatório, tontura e vertigem, visão embaçada, ganho excessivo de peso, fadiga e pouca energia e, o mais conhecido de todos, alterações de humor. 

Enfim…

Embora a ideia de monitorar detalhadamente a alimentação possa gerar ansiedade para alguns, a crescente conscientização sobre a importância do controle do açúcar no sangue e da saúde intestinal está provocando uma revolução na forma como encaramos a nutrição. Talvez estejamos presenciando o início de uma mudança significativa no paradigma alimentar – o futuro dirá. Eu, pessoalmente, fiquei curiosa e já pedi o meu monitor de glicose. 

Quais os 5 hacks inegociáveis de Jessie?

  1. Tenha um café da manhã salgado, baseado em proteínas e que não contenham nada doce, exceto frutas inteiras – é fundamental.
  2. Adicione um pouco de vinagre que o mesmo te ajudará a reduzir o pico de glicose do que você come em até 30% – sem que você precise mudar nada na refeição que está prestes a fazer.
  3. Começar a refeição com vegetais vai ajudar na digestão, pois a fibra presente neles forma uma malha protetora no intestino, reduzindo a absorção de glicose durante o restante da refeição. Isso permite que você coma a mesma quantidade de alimentos, mas com menos impacto na glicose e no corpo.
  4. Uma maneira simples de minimizar os picos de glicose no sangue é fazer apenas dez minutos de caminhada depois de comer – 90 minutos após o término de uma refeição, levante-se e use seus músculos por dez minutos, recomenda ela. 
  5. Muitas pessoas optam por uma xícara de café para acordar de manhã, mas, pela mesma lógica, a cafeína aumenta os níveis de glicose se consumida antes das refeições. Tente o seguinte: evite tomar cafeína com o estômago vazio e, em vez disso, desfrute de sua dose de cafeína após o café da manhã.

Para se aprofundar ainda mais:

Pra ler: Eran Segal, biólogo computacional do Weizmann Institute of Science, em Israel, é autor do livro “A dieta personalizada”, baseado nessa teoria. Ele acredita que os dispositivos fornecem às pessoas informações personalizadas sobre como evitar picos de glicose e levam a uma maior perda de peso do que o aconselhamento nutricional geral. 

Pra ver: A diabetes tornou-se um problema generalizado, afetando inúmeras pessoas nos Estados Unidos. Mas, por detrás dos números impressionantes, há uma história muito mais profunda – a de pessoas reais que enfrentam desafios diários e se esforçam por melhorar os cuidados e a prevenção. Blood Sugar Rising investiga esta realidade, lançando luz sobre as dificuldades de viver com diabetes, ao mesmo tempo que destaca novas possibilidades de a gerir e até mesmo de prevenir.

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