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Você precrastina? Sim, você leu certo! 

Essa semana, uma reflexão importante merece destaque. Desde a adolescência e até os 20 e poucos anos, eu tinha um péssimo hábito: resolver rapidamente todas as pendências e obrigações para me livrar do peso mental de ter algo por fazer, e tenho certeza que não estou sozinha nessa. Infelizmente, tal  comportamento sempre me impediu de apreciar o processo, focando apenas no objetivo final.

Foi descoberto que esse comportamento tem um nome: precrastinação e, embora ela pareça uma solução desejável para a procrastinação, ela tem suas próprias desvantagens.

Christopher Gehrig, professor de psicologia na Universidade Helmut Schmidt, descreve precrastinação e procrastinação como extremos opostos. Ele explicou ao The Guardian que precrastinadores, frequentemente, gastam energia extra em tarefas ou se apressam em completá-las para sentir o alívio de tê-las concluído. Um exemplo clássico é a pessoa que, ao esperar um voo, prefere ficar em pé segurando a bagagem perto do portão de embarque, mesmo que ainda falte muito tempo para o embarque, em vez de se sentar confortavelmente.

Esse fenômeno foi identificado por acaso durante um estudo de 2014, liderado por David Rosenbaum, professor de psicologia na Universidade da Califórnia, Riverside. No experimento, os participantes preferiram carregar um balde que estava mais próximo, mesmo que significasse um esforço físico maior, apenas para concluir a tarefa mais rapidamente e aliviar a carga mental. A tendência de completar tarefas rapidamente é impulsionada pelo desejo de finalizá-las logo, o que é observado em situações cotidianas, como responder e-mails imediatamente sem pensar adequadamente nas respostas ou iniciar várias tarefas simultaneamente, resultando em um trabalho superficial.

Posso dizer com propriedade que viver assim é muito estressante e angustiante, especialmente se combinado com perfeccionismo (PRAZER!), pois a pessoa faz tudo rapidamente e ainda sente que não entregou o melhor possível, criando uma bola de neve de frustração. Portanto, não é incomum pessoas que precrastinam experimentarem estresse e burnout devido ao medo de não conseguirem finalizar algo a tempo.

Gehrig conecta tal fenômeno à característica de personalidade do neuroticismo, associada a emoções negativas e instabilidade emocional. Pessoas neuróticas tendem a completar tarefas rapidamente para aliviar a ansiedade de ter muitas coisas a fazer, diferentemente das pessoas conscienciosas, que são intrinsecamente recompensadas ao atingir metas.

Infelizmente, o desejo de resolver rapidamente as pendências, muitas vezes, compromete a qualidade e o bem-estar. Para combater isso, é necessário aprender a balancear tarefas e reconhecer quando é apropriado adiar algo. Gehrig sugere planejar e priorizar tarefas de forma eficaz, sem sentir pressão para completá-las imediatamente. Agendar atividades e agrupar tarefas, como responder e-mails em blocos, pode ajudar. Além disso, reconhecer que algumas tarefas podem esperar e não precisam ser feitas imediatamente é crucial.

Oliver Burkeman alerta para o “perigo especial” da precrastinação: ao contrário da procrastinação, ela não parece ser um comportamento inadequado. Precrastinadores são comumente vistos como produtivos e eficientes, mas precisam distinguir entre aliviar a ansiedade e sentir uma verdadeira sensação de realização. Reconhecer e ajustar esses comportamentos é essencial para uma gestão do tempo mais equilibrada e eficiente.

E aí, você sabia disso? Se considera um precrastinador? Me conta!

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