Já estou no meu segundo livro do ano, The Danish Way of Parenting e, dentre as inúmeras coisas interessantes que estou aprendendo e absorvendo, duas ideias se destacam: os conceitos de ‘growth mindset’ e ‘fixed mindset’, abordados no capítulo sobre autenticidade. Dentro ou não do universo da educação infantil, tais conceitos nos dizem muito sobre como pensamos os nossos erros e fracassos, e achei que não tinha momento mais pertinente para trazer tal tema do que o começo de um ano novo, de um livro em branco que estamos dispostos a preencher com mais acertos, metas e realizações.
Carol Dweck, professora de psicologia na Universidade de Stanford e uma das principais pesquisadoras sobre nossa maneira de pensarmos sobre erros e fracassos, passou três décadas explorando como desenvolvemos resiliência e coragem. O resultado? Foi e continua sendo adotado, com verdadeiro sucesso, por numerosos professores e escolas.
Seu trabalho se concentra em dois conjuntos de ‘mindsets’ que as pessoas possuem – ou seja, em como vemos nossas próprias habilidades. De um lado estão os que possuem uma mentalidade fixa (fixed mindset) e de outro os que possuem uma mentalidade de crescimento (growth mindset). E tudo começa na infância.
Como assim na infância? Te explico: elogios nessa fase da vida são normalmente relacionados a como as crianças veem sua inteligência. Assim, se eles são constantemente elogiados por serem naturalmente espertos, talentosos ou por possuírem um dom, eles desenvolvem um ‘fixed mindset’. Em contrapartida, crianças que escutam que sua inteligência pode ser desenvolvida com trabalho e educação, desenvolvem um ‘growth mindset’ – ou seja, de que eles desenvolvem as habilidades porque trabalham duro nisso.
Aqueles com uma mentalidade fixa não acreditam que suas habilidades, inteligência e personalidade possam realmente mudar e evoluir. Eles veem erros, desafios e contratempos simplesmente como sinais de estupidez ou incompetência e, por fim, desistem. Aqueles com uma mentalidade de crescimento compreendem que a inteligência e as capacidades são maleáveis. Mesmo que todos nós não nos tornemos matemáticos de primeira, podemos melhorar em matemática. É mais provável que eles sejam mais resistentes e resilientes diante de obstáculos e fracassos, vendo-os como necessários para se tornarem melhores em (praticamente) tudo.
Para Dweck, quanto antes as crianças adotarem a mentalidade de crescimento, mais fácil será para elas se tornarem adultos dispostos a experimentar – mesmo diante de um possível fracasso, ao saírem de sua zona de conforto – já que não terão tanto medo de falhar (diferente de quando se tem a mentalidade fixa, em que a pessoa tem medo de se arriscar e ser vista como ‘burra’, incapaz e/ou uma farsa).
“As pessoas que acreditam no poder do talento tendem a não realizar seu potencial porque estão tão preocupadas em parecer espertas e não cometer erros. Mas as pessoas que acreditam que o talento pode ser desenvolvido são aquelas que realmente empurram, esticam, enfrentam seus próprios erros e aprendem com eles”.
Portanto, fica aqui o meu convite e desafio para este ano: desenvolver uma mentalidade de crescimento. Aproveite para colocar em prática algumas ideias:
- Concentre-se no processo – no que você está aprendendo – em vez do produto final. Assim, você evita assumir que “porque algo não vem facilmente, você nunca será bom nisso”.
- Saia da sua zona de conforto e tente sempre uma nova abordagem diante dos desafios e problemas, inventando novas estratégias, testando habilidades e até aceitando contribuições de outros para descobrir a abordagem ideal.
- Quando as emoções negativas (ansiedade, stress, vulnerabilidade) surgirem, não se aborreça consigo mesmo; apenas tente voltar a ter uma mentalidade de crescimento.