Quero começar esse texto com uma verdade óbvia, embora muitas vezes esquecida, mas como eu acredito que o óbvio, por vezes, precisa ser dito, lá vai: pra algo (e qualquer coisa) ter fim, antes é preciso começar. Não entendeu? O raciocínio é bem simples, na verdade: antes do seu namoro chegar ao fim, você precisa estar disposto(a) a entrar na relação; antes de você falhar em sua nova posição do trabalho, você precisa dizer ‘sim’ a esse convite e aceitar o desafio; e mesmo antes daquele seu ‘projeto dos sonhos’ ir por água abaixo, você precisa tirá-lo do papel e mergulhar nele, se dando ao menos o trabalho de tentar fazer dar certo.
Tá, mas o que eu quero dizer com isso? Às vezes, paralisados pelo medo, por nos julgarmos incapazes e até abatidos pelo sentimento de preguiça e procrastinação, desistimos dos nossos sonhos rápido demais…Ou vai me dizer que você nunca passou por isso? Afinal, que a verdade seja dita: correr atrás dos nossos sonhos não é uma tarefa fácil e tão pouco glamurosa como vendem por aí, pelo contrário, envolve muito suor, garra, paciência, sentimentos de insegurança e até lágrimas podem fazer parte do processo. Por isso, quando nos pegamos tendo uma ideia ‘genial’, mas arriscada, ou cogitando a ideia de largar aquele emprego que não nos dá tanta alegria assim para, de repente, abrir aquele negócio próprio com o qual sempre sonhamos, desistimos rápido demais.
O poeta irlandês, Johann Anster, uma vez disse: “seja qual for o seu sonho, comece. Ousadia tem genialidade, poder e magia.”
Diante disso, preciso confessar: tem horas que eu sinto que tudo que a gente precisa fazer é literalmente começar. De onde a gente está, com o que a gente tem e da maneira que é possível – do contrário, corremos o risco de se assemelhar a uma pessoa que quer muito aprender a nadar e que, para isso, lê dezenas de livros de especialistas; assiste a inúmeros vídeos no YouTube com dicas e macetes; e até interroga os nadadores mais experientes, ou seja, faz de tudo, exceto entrar na piscina.
Mas voltando aos sonhos…Tenho pra mim que essa desistência considerada, no mínimo, prematura, é fruto da ‘autossabotagem dos tempos modernos’, que, alimentada pelo estado de ‘overthinking’ (onde estamos sempre pensando, pensando e pensando) faz com que, cada vez mais, nos convencemos de que é melhor deixar nossos sonhos pra depois, embora, quando a gente for parar pra ver, anos se passaram e o que restaram foram sonhos engavetados e a eterna tortura do “e se..”, ou seja, onde estaríamos se tivéssemos corrido atrás dos nossos sonhos, de fato?!
Um giro na história
No auge da Guerra Fria, pesquisadores do Pentágono realizaram um estudo com soldados a fim de identificar o grau de foco que eles conseguiriam apesar de permanecerem de 3 a 5 dias em privação de sono. E, não sei você, mas o primeiro pensamento que me vem à cabeça é: “impossível se manter atento após 2 dias sem pregar o olho”. No entanto, para minha surpresa a pesquisa revelou que, mesmo depois de três noites sem sono, as pessoas são capazes de prestar bastante atenção, caso suas motivações sejam fortes o suficiente, ou pelo contrário, caem no sono imediatamente.
Ou seja, aplicando essa lógica em outras áreas da nossa vida, fica claro: quando temos um objetivo claro, quando sabemos o que queremos, fica mais fácil correr atrás disso e, claramente, esse pensamento dá margem para o questionamento: será que não estamos desistindo rápido demais dos sonhos por que, antes de tudo, não sabemos o que queremos? Autoconhecimento é a chave aqui! Afinal, como vamos ser plenamente felizes, nos satisfazer com nossas conquistas e nos manter motivados, quando nem sequer sabemos qual é o nosso conceito de ‘felicidade’ ou o que queremos conquistar?!
Concluo essa reflexão com um dos pensamentos de Robert K. Cooper, neurocientista e autor bestseller do The New York Times: ‘A próxima fronteira não está somente à sua frente, ela está dentro de você.’
Um brinde aos nossos sonhos e às pessoas que se dedicam a concretizá-los. 🥂