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Personalidade forte ou falta de educação?

Confesso que eu estava animada para escrever sobre esse tema. É muito comum em nosso dia a dia nos depararmos com pessoas confundindo falta de educação com personalidade forte, achando erroneamente que elas são a mesma coisa e, portanto, sendo utilizadas como sinônimos, quando não é bem assim… 

Indo direto ao ponto: pessoas com personalidade forte, contrariam a crença de que são hostis e estúpidas – na verdade, são apenas firmes em suas opiniões, sabendo defendê-las, sem agredir verbalmente os outros; possuem garra para lidar com as adversidades e, em geral, não se sentem intimidadas pelos cenários em que se encontram. Já pessoas sem educação, acabam se posicionando de maneira mais agressiva, preferem gritar para serem ouvidas; ofender para se sentirem superiores e não dão a mínima se estão sendo indelicadas com os outros, desde que sua opinião permaneça. 

Percebeu a diferença? Pois é importante que sim! Afinal, o que mais a gente vê por aí são pessoas atestando comportamentos ultrajantes no trabalho, em casa ou em meio a uma reunião, com o argumento “ah, a personalidade dela é forte, você precisa relevar”; “ah, o temperamento dele é assim mesmo, precisamos deixar passar”. 

Ora, uma coisa é fato: existe um abismo de diferença entre: se posicionar de forma mais rígida e de querer que todos ao seu redor adotem o mesmo posicionamento que o seu, por exemplo. Aliás, abro um parênteses super importante aqui para mencionar como as mulheres, por vezes, podem sofrer mais com essa má interpretação do que é personalidade forte vs falta de educação. Não é de hoje que mulheres com uma postura mais firme incomodam e, por isso, são consideradas pessoas mais duras, antipáticas e mal-educadas.

Enquanto os homens, legitimados por sua “virilidade” e masculinidade, não recebem tais insultos – pelo contrário, tal comportamento é tido como parte da sua natureza. Isso sem falar do ambiente profissional, onde mulheres de personalidade mais forte na liderança, são apelidadas de “histéricas” ao menor sinal de descontentamento com alguma situação, já os homens são meramente “obstinados” pela mesmíssima reação…Impossível não relacionar esse estranhamento e desconforto com relação a mulheres “fortes”, em cargo de poder ou voz ativa, com o fato de que seguimos vivendo numa sociedade machista com traços ainda presentes e dominantes de uma cultura patriarcal. Dois pesos, duas medidas. Até quando?

Eu, particularmente, odeio ficar engolindo as coisas e, tenho pra mim, que isso causa muito mais mal do que bem, mas, ao mesmo tempo, não saio por aí vomitando meu descontentamento, críticas e desaforos em cima das pessoas a todo tempo, muito menos de qualquer maneira. Aqui, aquele famigerado ditado se encaixa muito bem: “não faça para os outros aquilo que você não quer que seja feito com você”… inclusive, se me dão licença, gostaria de parafraseá-lo para “não seja mal-educado com os outros, assim como você não gostaria que fossem com você”.

E o fato é que, quando a gente passa a aceitar essas desculpas de que “as pessoas são assim e ponto” abrimos margens para criarmos e alimentarmos relações e comportamentos tóxicos, os quais os pontos negativos eu não vou nem me prolongar em trazer aqui, pois aposto que só de ouvir falar nesse assunto, facilmente vários deles surgem à mente. 

Ahhh, como se não bastasse tudo isso, uma outra questão muito associada às pessoas de personalidade forte é que, pelo fato de valorizarem a sinceridade e transparência ao extremo, elas por vezes são tidas como “grossas”, quando, na real, só estão sendo mais diretas e evitando dar aquelas mil voltas em determinado assunto. Quem aqui já sentiu esse pré-julgamento?

Para finalizar, deixo aqui uma frase do saudoso Jô Soares e, assim, cada um interpreta como quiser: “As pessoas estão tão acostumadas a ouvir mentiras, que sinceridade demais choca e faz com que você pareça arrogante.”

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