113

Estamos todos sujeitos a ter TEPT?

Sem dúvidas, o cérebro humano pode nos surpreender – tanto para o bem, como para o mal. Mas por que eu comecei o #PraSeAprofundar de hoje falando isso? Se você já ouviu falar em TEPT, talvez desconfie do motivo. 

Para quem não conhece, o transtorno do estresse pós-traumático é uma condição de saúde mental, gerada por uma experiência traumática vivenciada ou testemunhada pelo indivíduo, e só no Brasil, atinge cerca de dois milhões de pessoas, segundo a OMS. E, antes de mergulharmos no assunto, vale ressaltar: é super normal ficarmos nervosos depois de algum episódio considerado, no mínimo, assustador, mas quando falamos de TEPT, a realidade é outra. 

Funciona mais ou menos assim: o período de angústia vivenciado naquele episódio se prolonga, é potencializado e ainda vem acompanhado de sintomas que atrapalham diretamente a qualidade de vida da pessoa, como seus relacionamentos com os outros. Aliás, tais sintomas, não surgem “logo de cara” – estudos apontam que eles podem aparecer dentro de três meses após o ocorrido, ou mesmo após alguns anos… Dá pra acreditar?! 

Ah, e aqui tem um ponto que merece destaque! O TEPT, apesar de estar mais relacionado a indivíduos que vivenciaram os dramas da guerra, afinal, vários filmes retratam soldados voltando dos campos de batalha em um estado de estresse extremo, ao ponto de não conseguirem sequer pregar o olho, ou se sentirem seguros dentro da sua própria casa, a verdade é que a experiência em questão não precisa ser necessariamente perigosa para causar a condição. Episódios ligados a humilhações, assédio e até a morte inesperada de uma pessoa querida, por exemplo, podem ser suficientes para gerar o transtorno.

E, claro, embora seja óbvio pontuar isso, eu faço questão de dizer: nada disso torna uma pessoa mais ‘frágil’, ou menos corajosa que a outra, apenas humana, fora que, cada um de nós reage de uma forma frente às situações da vida, assim como temos nossa própria tolerância ao susto, estresse, dor, etc.  

Mas o que isso quer dizer, então? Ora, tanto um homem na casa dos seus 40, que acabou de ser resgatado de um sequestro, quanto um adolescente de 14 anos que recebeu a notícia por telefone de que sua mãe morreu em um acidente, podem desenvolver TEPT. De certa forma, se olharmos por um lado, saber mais sobre essa condição, ao ponto de passar a considerá-la como um possível diagnóstico, pode nos munir de mais conhecimento para buscarmos por um tratamento mais rápido, ao mesmo tempo, admitir essa possibilidade pode nos deixar mais vulneráveis do que imaginamos, além do fato de que, em alguns casos, a condição pode ser crônica, ou seja, durar pela vida toda.

Inclusive, se você está curioso para entender melhor quais são os sinais de estresse pós-traumático, vou direto ao ponto: 1) lembranças intrusivas – contra à sua vontade, memórias do que aconteceu tomam a mente do indivíduo, que é levado a reviver os mesmos sentimentos daquela ocasião, embora nenhum perigo iminente esteja à sua volta; 2) tentativas de evitar atividades, lugares e até pessoas que despertem a menor similaridade com a situação que propriamente causa o TEPT; 3) agitação – que vem acompanhada de falta de concentração, irritabilidade, sentimentos de culpa e vergonha, além de dificuldade para dormir; 4) alterações de humor e sensação de deslocamento.

Inclusive, à título de curiosidade, você sabia que algumas pesquisas já apontaram que as mulheres têm o dobro de chances de desenvolver transtorno causado pela violência, por exemplo?! Questões culturais e até hormonais são apontadas como alguns dos principais motivos para isso. Embora, é claro, o fato de que vivemos em uma sociedade que atribui como fraqueza os homens demonstrarem qualquer sinal de fragilidade e dor, não é tão surpreendente que as mulheres estejam mais abertas a discutirem sobre o tema e assumirem ter a condição. 

Chego ao fim com um apelo pra você, caro leitor e leitora, que se identificou com alguns dos sintomas que eu apresentei aqui: procure por ajuda profissional! O tratamento para o TEPT pode incluir psicoterapias e medicamentos e pode realmente fazer a diferença na sua qualidade de vida. 

“Uma vez que somos destinados a viver nossas vidas na prisão de nossas mentes, nosso dever é mobiliá-las bem.” – Peter Ustinov. 

Direitos reservados Eat Your Nuts