Esses dias me peguei pensando sobre qual característica gostaria que a minha filha tivesse e não abrisse mão nunca. Não demorou nem 10 segundos e já sabia a resposta: a curiosidade. Me considero extremamente curiosa – sempre gostei de fazer perguntas, sejam elas sobre como as coisas funcionam, o porquê delas serem assim ou assado, de querer entender sobre diferentes assuntos e universos e acho que, de fato, a minha curiosidade constantemente me levou mais longe, além de ter favorecido meus relacionamentos e conexões sociais – por isso, gostaria muito que a minha filha fosse uma curiosa nata. Bora então refletir sobre o tema e entender melhor como podemos mantê-la viva dentro de nós?
Pra começo de conversa, de modo geral, a curiosidade se refere ao impulso de buscar informações, ao sentimento de necessidade de compreensão. Alguns filósofos, como Thomas Hobbes, descreveram a curiosidade como o que diferencia os seres humanos dos outros animais. Já na psicologia, ela pode ser considerada como um estado – quando você está curioso sobre algo no momento – e como um traço, ou uma tendência a ser curioso, que é mais consistente. O psicólogo, William James, escreveu em 1899 que a curiosidade era “o impulso para uma melhor cognição”, ou seja, o desejo de entender algo que você não entende atualmente. Ele disse que a curiosidade empurrava as crianças para a novidade, para aquilo que era “brilhante, vívido, surpreendente”.
Enquanto que o psicólogo norte-americano, George Loewenstein, descreveu a curiosidade como uma forma de privação que “surge da percepção de uma lacuna no conhecimento ou na compreensão”. Sua ideia era que a curiosidade nos motiva a fechar essa lacuna, portanto, assim como a fome nos motiva a comer, a curiosidade nos motiva a aprender – ela é a base do aprendizado. Quando estamos curiosos sobre algo, aprendemos em um nível mais profundo, com muito mais facilidade e nos lembramos por muito mais tempo. No caso das crianças, a curiosidade pode ser estimulada ou reprimida pelas pessoas com quem elas passam o tempo. Ah e tem mais, a curiosidade também se alimenta do conhecimento: quando as pessoas sabem algo sobre um assunto, geralmente querem saber mais.
A curiosidade é um modo de ser. É uma maneira de olhar o mundo, não de uma perspectiva de julgamento (o que está errado?), mas de uma perspectiva de humildade (o que não estou vendo?). E a maneira que sempre o fiz é através de perguntas, sendo estas cruciais para o meu aprendizado sobre as mais diversas coisas. E oh, reforço que não existem “perguntas certas” ou “perguntas melhores”, mas sim o fato de que grandes perguntas podem dar início a conversas nutritivas com nós mesmos e com os outros e, consequentemente, levar ao conhecimento.
Muitos acreditam que a internet vai resolver a desigualdade, uma vez que todas as informações estão lá, por exemplo, mas a realidade pode ser bem diferente. A menos que a pessoa tenha crescido adquirindo esses hábitos de aprendizado e investigação, será muito difícil absorver informações da Internet e é muito mais provável que ela seja utilizada como um atalho para obter algumas respostas sem realmente se aprofundar e detalhar as coisas.
Mas, para evitar que o mundo tenha menos curiosos e seja afetado por esse ‘atalho’, nós, adultos, podemos tentar algumas estratégias para aumentar a curiosidade em si mesmos e nas crianças: expor lacunas no conhecimento, observar novas informações surpreendentes e adquirir um pouco de conhecimento para criar a vontade de saber mais. Ademais, modelar um espírito de curiosidade e investigação também pode incentivar as crianças a se entregarem e expressarem essa curiosidade.
Após ler mais sobre o tema, resumi abaixo 4 maneiras simples de estimular a curiosidade:
- Deixe sua mente vagar e permita-se maravilhar.
A maioria de nós tem dias ocupados e agendas cheias. Reserve um tempo todos os dias para deixar sua mente vagar por algo que lhe interesse, mesmo que você dedique apenas 15 minutos para refletir sobre perguntas como “como seria a vida sem (preencha o espaço em branco com uma pessoa, lugar ou coisa especial)” ou “no que você se interessa que a maioria das pessoas não se interessa” – isso alimentará sua imaginação.
- Procure oportunidades para ficar entediado.
Vivemos em uma era de estímulos digitais 24 horas por dia, 7 dias por semana. Visite um lugar que você goste (pode ser um café, uma livraria, um parque…) e desconecte-se de seus dispositivos. Apenas observe o que você vê, cheira e ouve. Ouça as conversas ao seu redor ou leia a linguagem corporal das pessoas que você vê.
- Aprenda algo novo sempre que puder.
Mesmo que seja apenas uma palavra que você nunca ouviu falar ou um restaurante que nunca experimentou, comprometer-se a aprender uma coisa nova por dia faz com que você busque experiências novas.
- Mude sua rotina e preste atenção ao que você vê.
Mesmo pequenas mudanças em sua rotina farão com que seu cérebro perceba coisas que você nunca notou antes e despertarão a curiosidade. Faça um caminho diferente para o trabalho. Faça compras em um supermercado diferente.
Termino a reflexão de hoje com a frase de Leo Burnett, ‘a curiosidade sobre a vida em todos os aspectos é o segredo das pessoas muito criativas’. De fato, a curiosidade é o que me levou até aqui, é o que me fez criar a EYN e é o coração do business – somos curiosos e criativos – e, tentamos semanalmente saciar a sua fome de conhecimento, aflorando cada vez mais a sua curiosidade.