O desfecho do ano costuma ser um período em que as pessoas se tornam mais emotivas, percebendo a intensidade dos eventos ao longo dos últimos 365 dias. Eu, pessoalmente, entro em um estado bem reflexivo nesse momento. Enquanto alguns refletem próximo ao aniversário, para mim, é agora que tudo acontece. É o momento em que reavalio prioridades, estabeleço metas e objetivos, avalio o ano passado, considero erros e aprendizados, e revejo minhas relações – quem permaneceu, quem partiu, quem se mostrou fundamental.
A vida é curta, como todo mundo sabe. E já me questionei sobre isso diversas vezes. Será que a vida é realmente curta, ou estamos simplesmente lamentando sua finitude? Se vivêssemos quinze vezes mais, teríamos a mesma sensação de que a vida é curta? Às vezes, acreditava que sim, outras, que não. No entanto, desde que me tornei mãe, tenho certeza, a vida realmente é curta.
Ter uma filha me mostrou como converter essa quantidade contínua que é o tempo, em quantidades discretas… Na prática: você só tem 52 finais de semana com seu filho de 2 anos. Se o Natal, como mágica, durar, digamos, dos 3 aos 10 anos, você só poderá ver seu filho vivenciá-lo 8 vezes. E embora seja impossível dizer o que é muito ou pouco em uma quantidade contínua como o tempo, 8 de algo não é muito. Concorda?
Portanto, a vida é, de fato, breve. Saber disso faz alguma diferença? Para mim, sim. O argumento de que “a vida é muito curta para…” ganhou um significado e uma força excepcionais. Atualmente, quando percebo que a vida é curta demais para hábitos prejudiciais ou vícios, faço um esforço para eliminá-los.
Ao refletir sobre o que considero que a vida é curta demais para, a palavra que vem à mente é “futilidades”. A vida é curta demais para perder tempo com coisas irrelevantes. Essas futilidades, muitas vezes, se infiltram em nossas vidas de forma sorrateira, não sendo culpa de ninguém além de nós mesmos. E eliminar futilidades escolhidas por nós pode ser mais desafiador do que aquelas impostas, exigindo esforço consciente e a pergunta constante: “é assim que quero passar meu tempo?”.
Devemos buscar ativamente o que realmente importa, aprendendo, ao longo do caminho, o que é significativo para cada um de nós. Ter filhos pequenos, por exemplo, é algo que auxilia nisso, pois traz a vantagem de nos fazer dedicar tempo ao que importa: eles. Eles nos cutucam enquanto estamos ocupados com o celular, como se dissessem “ei, brinque comigo”. Essa, provavelmente, é a escolha que minimiza as tais ‘futilidades’.
Nesse final de ano, portanto, te convido a enxergar mais a vida como curta e a refletir sobre a sua brevidade antes que ela te pegue de surpresa, porque é exatamente isso que tende a acontecer. Tomamos as coisas como garantidas, e então, elas se vão. Por isso, a maneira mais comum de evitar ser pego de surpresa por algo é estar conscientemente ciente deste processo.
Cultive a impaciência em relação às coisas que mais deseja fazer. Não espere para escalar aquela montanha, correr aquela maratona, tomar aquele café ou visitar sua avó. Não é necessário lembrar constantemente o motivo para não esperar. Apenas e simplesmente, não espere.
Aprecie o que tem. A forma como vivemos afeta a duração da vida e, na maioria das vezes, podemos fazer melhor, prestando mais atenção ao tempo disponível. É fácil deixar os dias passarem apressadamente.
Sendo assim, persista em eliminar futilidades. Não adie as coisas importantes e desfrute do tempo que possui. Isso é o que fazemos quando a vida é curta.