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Nosso futuro será só de telas ou sem telas?

Nos últimos anos, temos observado uma crescente fadiga digital causada pelo uso excessivo de telas. Surge então uma pergunta intrigante e que não poderia deixar de trazer para a nossa ‘roda de conversa’: poderia a inteligência artificial nos ajudar a superar esse problema? A minha resposta no momento é: provavelmente.

Estamos à beira de uma revolução auditiva que promete transformar nossa relação com a tecnologia. O reinado das telas, que por décadas dominou nossa interação digital, está sendo desafiado por uma nova era: a era do soundscapism. Este fenômeno, que envolve a criação e apreciação de paisagens sonoras, ganha força em diversos campos, da música ao design ambiental. 

A fadiga das telas, um problema crescente em nossa sociedade hiperconectada, pode encontrar seu antídoto na inteligência artificial e nas tecnologias de áudio. Gigantes da tecnologia já desenvolvem dispositivos que privilegiam a interação por voz, movimento e localização, afastando-nos gradualmente das interfaces visuais tradicionais. Esta transição promete não apenas aliviar nossa dependência das telas, mas também criar experiências digitais mais naturais e integradas ao nosso cotidiano.

Não deveria ser novidade para ninguém que o mercado de entretenimento de áudio está em plena expansão. Segundo um relatório da Deloitte de 2023, espera-se que este setor ultrapasse US$ 75 bilhões em receita em 2024, ou seja, um aumento total de cerca de 7% em relação ao ano anterior. Espera-se um aumento no número médio mensal de ouvintes de podcasts ultrapassando 1,7 bilhão, o de ouvintes de audiolivros chegando a 270 milhões, o de assinantes de serviços de streaming de música alcançando 750 milhões e o de ouvintes de rádio atingindo cerca de 4 bilhões, aproximadamente metade da população mundial. Estes números refletem uma mudança significativa nos hábitos de consumo de mídia, com o áudio ganhando cada vez mais relevância.

Um aspecto que merece destaque desta revolução é o surgimento da “audição social”. Para a geração Z, compartilhar músicas tornou-se tão natural quanto enviar uma mensagem de texto. Os serviços de streaming estão se integrando às plataformas de mídia social, transformando a experiência de ouvir música em algo mais colaborativo e interativo.

E claro que a inteligência artificial está desempenhando um papel crucial nesta transformação. No campo dos audiolivros, por exemplo, empresas como Apple Books e Google Play estão introduzindo narrações geradas por IA, tornando uma variedade maior de títulos acessíveis a um público mais amplo. Embora desafiador, este avanço promete democratizar o acesso à literatura em formato de áudio.

Indo mais afundo, talvez o aspecto mais inovador desta revolução seja a convergência entre tecnologia vestível, IA e conteúdo de áudio. Imagine um futuro onde seu smartwatch detecta seus níveis de estresse e automaticamente ajusta a música que você está ouvindo para acalmá-lo. Ou um cenário onde seus fones de ouvido percebem sua fadiga durante um treino e motivam você com uma playlist energizante. Esta personalização baseada em biometria não apenas melhorará nossas experiências de áudio, mas também poderá ter impactos significativos em nosso bem-estar e saúde.

Claro, como tudo tem dois lados, esta revolução também traz desafios. Questões de privacidade e ética surgem quando consideramos a extensão da influência que estas tecnologias podem ter sobre nossos estados emocionais. Além disso, apesar do crescimento impressionante do setor de áudio, a monetização ainda é um desafio, indicando que há muito espaço para inovação nos modelos de negócio.

Enfim, tudo indica que estamos no limiar de uma era onde o som, não as imagens, pode se tornar nossa principal interface com o mundo digital. Esta transição promete experiências mais naturais, personalizadas e benéficas para nós. No entanto, à medida que avançamos para este futuro sonoro, devemos permanecer atentos aos desafios éticos e práticos que surgirão. O soundscapism não é apenas uma tendência passageira, mas um novo paradigma que moldará profundamente nossa relação com a tecnologia e o mundo ao nosso redor. É fato que o áudio está bem posicionado para aproveitar os avanços tecnológicos. 

Mas, claro, gostaria de saber o que você prefere: que o mundo se torne uma tela gigante ou que as interfaces se alinhem aos sinais do corpo, como fala e movimento?

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