Tenho tentado praticar mais ‘the art of letting go’, ou em tradução livre, a arte do deixar ir – conceito amplamente discutido e escrito em muitos campos, incluindo psicologia, filosofia e espiritualidade. Tal habilidade é vista como essencial, com poder de melhorar muito nossas vidas e nosso bem-estar mental e emocional.
Não tem sido nada fácil, mas venho percebendo ao longo dos anos que ficar agarrada a certas coisas e pessoas do passado, estava me causando ansiedade e frustração. E mais importante que deixar coisas e pessoas irem, foi entender que grande parte desses sentimentos eram causados pelo apego à ‘ideia’ de que as coisas deveriam ser diferentes do que são.
Por exemplo, quando nos deparamos com algo que nos aborrece e frustra, automaticamente associamos esses sentimentos como algo fora de nós, culpando a situação ou pessoa, ou então quando nós nos culpamos: nos sentimos mal conosco mesmos, mas a causa de nosso mal-estar é na real o fato de acharmos que não devemos ser do jeito que somos.
Ou seja, na realidade, a verdadeira causa do que sentimos de ruim está atrelada a ideia que temos de que aquilo/alguém não deveria ser do jeito que é. Agora imagine deixar essa ideia de lado? Você fica apenas com a experiência deste momento, tal como ele é.
Perceba como isso pode ser libertador. Não se trata de excluir alguém ou de deixar ir a responsabilidade ou o compromisso de mudar. Trata-se de nos libertar do apego a uma ideia que está causando algum tipo de sofrimento (frustração, resistência, sentimento ruim).
Deixar ir também pode nos ajudar a ser mais resistentes diante da adversidade. A vida é cheia de desafios, e quando nos agarramos a emoções ou experiências negativas, ela pode pesar e dificultar a superação desses desafios. Deixando de lado o que não nos serve mais, podemos nos tornar mais adaptáveis e mais capazes de nos recuperar dos contratempos.
Portanto, precisamos entender que a ideia é apenas uma ideia. Não é que seja errado ou ruim, mas é uma concepção mental, e não a realidade. Podemos usar concepções mentais quando elas são úteis, mas deixá-las ir se não forem. O que quer que você pense que deveria ser, o que quer que você pense que outra pessoa deveria ser ou é, tudo isso é apenas uma concepção que você criou. Que tal deixá-la ir e ver o que lhe resta?