O mês das mães está aqui, mas qual o perfil da mãe de hoje? Existe um único perfil ou seriam vários? Uma coisa é certa, as redes sociais mudaram e muito a forma como as mães interagem entre si, consomem conteúdo e praticam a maternidade. Segundo este estudo, uma coisa elas todas têm em comum: o interesse pela informação – todas elas estão conectadas para saber mais sobre o assunto “maternidade”.
Assuntos como depressão pós-parto, amamentação e sexo no puerpério não rolavam na esfera pública antes de 2005. Agora, tais tópicos antes considerados tabus são adotados pelo mainstream, fazendo as lutas e vitórias cotidianas da maternidade se tornarem populares.
Grande parte das decisões que as mães tomam nos dias de hoje são pautadas após o consumo de um conteúdo digital, o que acaba por refletir na maneira como determinadas questões são tratadas, deixando claro diferenças em relação à maneira como gerações anteriores faziam. Para ilustrar bem isso, vamos aos números:
- 54% das mulheres afirmou assistir ou ter assistido vídeos no Youtube sobre cuidados na gravidez ou na maternidade. Esse número sobe para 64% para mães com idade entre 16 a 24 anos.
- 68% das mães com até 24 anos participam de grupos no Facebook sobre cuidados na gravidez e/ou maternidade. Sites, fóruns e blogs especializados no assunto (62%) também estão entre os canais utilizados pelas mães para se informar.
- 56% das mães dizem seguir marcas no Instagram, e 58% concordam que o Instagram é um lugar onde aprendem sobre produtos e serviços.
- 55% afirmou seguir blogueira(os) e influenciadores nas redes sociais.
É nítido que o apetite das mães pela versão verdadeira da maternidade só aumenta. Tal realidade pode ser encontrada em blogs maternos, revistas, programas, documentários e séries específicas que reportam o saber médico através de especialistas que vão dizer para mãe o que e como se deve fazer alguma coisa, além das representações da maternidade na publicidade, nas artes e em várias outras intersecções que geram a reflexão do que é ser mãe e como ser mãe. Mas, muito disso também vem mudando, e o olhar se volta para espaços privados como grupos privados de WhatsApp e Telegram bate-papos em grupo e até serviços de assinatura, como o Chairman Me (antigo Chairman Mom).
A verdade é que a mãe de hoje busca contar e consumir histórias de maneira honesta. Ela não quer saber do perfeito, do irreal, ela quer dividir sua história e aprender com a do outro. E esse desejo é o combustível que vem alimentando a maternidade, seja online ou offline. As mães presentes no mundo digital são as que constroem a própria subjetividade materna à medida que partilham de suas experiências.
Por outro lado, não posso deixar de ressaltar que há muita desinformação no mundo digital, e na mesma medida excesso de informação, o que pode levar muitas mães a quadros significativos de ansiedade, a se compararem, sentirem culpa, e por aí vai. Sem falar no impacto que isso pode ter, fazendo com que mães deixem de ouvir o que os bebês de fato querem dizer.
O assunto daria muito pano pra manga. Vale a reflexão sobre como e o quanto acessar desse tanto de conteúdos, ora romantizando a maternidade, ora demonizando até demais ao escancarar esse lado da “maternidade real”. Fica a ponderação sobre até que ponto vale mergulhar nesse mar de informação, buscando previsões e estatísticas mil, enquanto que só a experiência subjetiva de cada mulher vai trazer respostas e compreensão verdadeiras.