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A toxicidade familiar existe! e como… 

Quero começar esse texto logo avisando: o tema de hoje pode soar um pouco polêmico, mas acredite em mim quando eu digo que é necessário! 

Por mais que relacionamentos tóxicos possam parecer uma realidade um tanto distante da nossa vida, a verdade é que, na maioria das vezes, nem nos damos conta quando estamos em um, o que acaba por nos deixar mais suscetíveis a seus efeitos nocivos… ainda mais tratando-se de relações familiares. 

Aliás, é fato que atitudes tóxicas podem passar mais despercebidas do que a gente imagina, principalmente quando maquiadas de “boas intenções”. Tipo quando sua mãe banaliza suas metas e sonhos, desmerecendo todas suas conquistas, mas ao fim, diz que só falou tudo aquilo porque te ama e se importa com seu futuro; ou quando seu pai que não apoia nenhuma da suas escolhas de vida, diz que assim o faz, porque só ele sabe o que é melhor pra você; ou até mesmo quando sua irmã tece críticas desmedidas a seu corpo e seus modos, dizendo que tudo isso é porque não quer te ver sozinha e sem ninguém no futuro. 

Tá, eu sei, talvez isso possa soar um pouco ‘forçado’ demais para alguns, em especial os mais céticos, que se perguntam se realmente existem familiares assim: tanto os que falam esses absurdos, quanto os que aceitam e até acreditam no que estão ouvindo, mas, infelizmente, a resposta é sim (e muito!). 

Inclusive, você já parou pra pensar nas consequências disso? Porque sim, estar em um relacionamento tóxico pode nos gerar diversos danos mentais e físicos, como inseguranças quanto as nossas capacidades e inteligência; baixa autoestima; dependência emocional; crises de depressão e ansiedade; dificuldade em enxergar as coisas como realmente são, etc. E se me permitem conjecturar qual é o pior malefício que estar dentro de um relacionamento tóxico pode trazer – se é que é possível escolher um, na verdade –  eu diria, com certeza, que é o fato da pessoa, depois de um tempo, achar que é merecedora de todas as palavras e atitudes tóxicas que são direcionadas a ela.

Embora, é claro, eu também acredite que, por outro lado, nem sempre tudo isso é feito de modo 100% intencional, visto que muito daquilo que transmitimos aos nossos filhos, aprendemos com nossos pais, ou seja, existem atitudes que acontecem simplesmente por conta de uma “herança cultural” que, infelizmente, é apenas replicada, ao invés de refutada. Será então que aqueles pais que só sabem criticar seus filhos, por exemplo, o fazem simplesmente porque tudo o que ouviram do seus próprios pais um dia foram críticas? E por conta disso tais atitudes seriam ‘justificáveis’? Complexo, não?

Independente da resposta, para o psicólogo Homero Belloni, como nossas primeiras relações da vida são as familiares, a cultura tenta ao máximo preservá-las e, para isso, acaba impondo de alguma forma inúmeras restrições e tabus, o que, justamente, acaba nos levando a relevar comentários depreciativos, atitudes egoístas e comportamentos tóxicos, em nome da “família”. 

Não sei você, mas eu não sei nem quantificar o quanto eu discordo com essa linha de raciocínio, enquanto desconfio que ela se inicie com a supervalorização dos laços sanguíneos, os quais, por sua vez, de uma forma ou de outra, nos faz sentir obrigados a sorrir e a abraçar os tais dos “entes queridos”, ainda que estejamos totalmente em desacordo com suas ações. 

Enfim, a questão é: existem certos limites que nós, como indivíduos, devemos impor e que, essencialmente, precisam ser respeitados por todos – sejam familiares, ou não.  Afinal, não tem por que mantermos pessoas em nossa vida que sequer levam a sério os nossos “não’s”, sonhos e vontades próprias, ou tem? 

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