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Highlights do SXSW 2024

É possível que você esteja imerso na bolha daqueles que estão profundamente envolvidos no que aconteceu no SXSW deste ano. Também é possível que você faça parte dessa bolha, mas não esteja totalmente por dentro do que rolou. Por outro lado, pode ser que você sequer saiba o que é o SXSW e, portanto, poderia se beneficiar do conhecimento compartilhado durante o evento. Não importa em qual desses grupos você se encaixe, achei que valia a pena dedicar esta seção para apresentar a verdadeira explosão de ideias e insights, que prometem influenciar nosso futuro. Os tópicos discutidos são diversos e todos eles são, confesso, fascinantes e provocadores. Então, bora lá?

O South by Southwest, ou SXSW – sediado em Austin, Texas – é um dos eventos mais importantes da atualidade, reunindo pessoas de todo o mundo durante dez dias para discutir inovação em mídia, interatividade, comportamento, música e consumo. O evento tem como objetivo principal transformar o mercado e oferecer um espaço para grandes pensadores compartilharem suas ideias. 

Revolução da IA: Equilibrando Avanços Tecnológicos com a Essência Humana

As discussões sobre Inteligência Artificial apontam para uma mudança radical na criatividade, inovação e soluções, exigindo uma completa mudança de perspectiva, enquanto ressaltam a contínua importância das habilidades humanas essenciais, como empatia e comunicação. A interseção da IA com habilidades interpessoais destaca a necessidade crescente de interações genuínas. É vital priorizar o desenvolvimento de soft skills neste período de avanço tecnológico. Além disso, a necessidade de regulamentação, combate ao preconceito e acesso justo à educação em tecnologia é reconhecida. Uma abordagem holística da IA nas organizações é essencial, envolvendo políticas claras, aprimoramento de habilidades individuais e promoção de ambientes propícios à experimentação. Essa abordagem visa criar modelos mentais e sistemas de trabalho adaptáveis à nova era da IA, exigindo uma adoção consistente por parte das empresas para garantir uma transformação organizacional responsável e eficaz.

Um novo superciclo tecnológico

Na conversa com Peter Deng, vice-presidente de consumo da OpenAI, uma coisa ficou clara: para não sermos deixados na esteira do progresso, precisamos mudar nossa mentalidade em relação à IA. Em vez de vê-la como uma ameaça, devemos considerá-la uma aliada e fazer perguntas importantes. Como a IA pode proporcionar experiências de marca novas e envolventes? Que modelos de negócios inovadores podem surgir? Já para Amy Webb, ao contrário de revoluções passadas, como a era industrial ou da Internet, que tiveram um avanço decisivo, agora estamos vendo três forças poderosas se fundindo: o ecossistema conectado de coisas, a biotecnologia e a inteligência artificial. Essa combinação está nos levando ao “Superciclo Tecnológico”. Para a futurista, depois dos chamados LLM (Large Language Models), veremos cada vez mais o que ela chama de Large Action Models, que são dispositivos que vão permitir que a inteligência artificial reconheça e aprenda com nossas ações. Aparelhos como Apple Vision Pro já são parte dessa realidade.

Nossa sociedade nunca esteve tão carente!

Apesar da aglomeração de milhares de pessoas, a solidão emergiu como um tema recorrente, sendo abordada em nada menos que 9 sessões do festival. Nos Estados Unidos, ela é considerada uma epidemia, com os jovens adultos apresentando o dobro de chances de sentir solidão e isolamento social em comparação aos idosos. Gerações estão em busca de pertencimento a qualquer custo, o que reflete em todos os setores econômicos globais, uma vez que ela impacta negativamente desde a saúde até a produtividade e a criatividade. Para vocês terem ideia, o Surgeon General dos EUA declarou, em 2023, que a falta de conexão social é tão prejudicial à saúde quanto fumar até 15 cigarros por dia. E assim, mais uma vez, destaca-se a importância de promover empatia, comunicação e inteligência emocional como missão essencial para os líderes. 

A mídia social está morta, viva a mídia cultural. Marcas deveriam agir como creators? 

Durante uma palestra no SXSW, Krystle Watler, Diretora de Parcerias de Agências Criativas do TikTok, e John Dempsey, Gerente Geral da Bodega Portland, proclamaram o fim da mídia social. Em vez de causar alarme, eles encorajaram a abraçar a emergente Era Cultural e ajustar as estratégias de conexão com o público. Destacaram que, nesse cenário, o sucesso não é medido apenas por métricas tradicionais, mas pelo valor e cocriação com a comunidade. As marcas estão, agora, colaborando com seus públicos para criar conteúdo autêntico e relevante, participando ativamente das culturas e dos públicos de nicho. O foco na inteligência cultural e na autenticidade é crucial para o sucesso das marcas na Era Cultural, exigindo uma mudança na abordagem de envolvimento do público.

A computação espacial 

Entre mais de 1,5 mil sessões no SXSW, menos de dez se concentraram no Apple Vision Pro ou na computação espacial. Apesar disso, muitos palestrantes abordaram essas tecnologias em suas apresentações, reconhecendo seu potencial revolucionário, inclusive, o MIT Technology Review destacou o Apple Vision Pro como uma das dez inovações mais significativas do ano. A computação espacial não se limita a um produto, mas representa uma mudança na interação humano-computador, prometendo redefinir nossa experiência no mundo físico e virtual. Ela se baseia em quatro pilares: hardware, software, dados e conectividade, e tem aplicações promissoras em áreas como educação, saúde, entretenimento e varejo. No entanto, questões éticas e práticas, como privacidade e segurança dos dados, precisam ser consideradas enquanto avançamos nessa direção. A tecnologia tem o potencial de transformar nosso relacionamento com o mundo digital, tornando-o mais integrado e humano, e é provável que se torne um dos principais temas no SXSW 2025.

Como a curiosidade pode impulsionar sua carreira? 

Lembra que fiz um ‘pra se aprofundar’ sobre curiosidade? Pois bem, a Now What é uma consultoria de inovação, que trabalha com grandes empresas globais. Eles defendem que a curiosidade é um superpoder, essencial para o nosso trabalho, e acreditam que entender nosso estilo de curiosidade é crucial para desbloquear nosso potencial máximo. Na palestra, o fundador e CEO, Paul Barnett, junto com Hannah Singleman, que ocupa o cargo intrigante de Head de Perguntas Criativas, compartilharam insights valiosos, nos fazendo refletir sobre a importância das boas perguntas no nosso dia a dia. Eles reforçaram como a conexão entre autoconhecimento e curiosidade nos capacita a fazer boas perguntas, formar equipes complementares e administrar expectativas. Para nos ajudar nisso, eles desenvolveram o modelo “Four Curiosity Styles”, que nos permite descobrir nosso estilo de curiosidade por meio de um teste simples, gratuito e divertido. Os estilos incluem: Criança Interior, Rebelde, Explorador e Consertador. Vale a pena conferir o teste para descobrir qual se identifica mais, embora seja provável que você pontue em todos, mas um ou dois estilos serão predominantes.

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