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O obstáculo é o caminho

Assim como nossa newsletter oferece pequenas doses diárias de conhecimento para manter sua mente afiada e interessante, hoje vamos “mastigar” um conceito filosófico que pode transformar sua perspectiva de vida: o estoicismo. Você já ouviu falar sobre? Se sim, talvez já saiba o quanto essa antiga filosofia grega pode ser surpreendentemente relevante nos dias de hoje. Se não, prepare-se para descobrir uma poderosa ferramenta para enfrentar os desafios da vida moderna.

Contrariamente à crença popular, a filosofia não é apenas um exercício acadêmico. A praticidade da filosofia vai além das discussões acadêmicas e se estende à aplicação na vida real em várias áreas, como guerra, política e relacionamentos pessoais. O estoicismo, em particular, tem sido uma ferramenta prática utilizada ao longo da história por líderes, pensadores e pessoas comuns para enfrentar desafios e alcançar objetivos. 

De Marco Aurélio a George Washington, de Sêneca a Theodore Roosevelt, muitos foram influenciados por essa corrente filosófica. Por exemplo, durante o brutal inverno de 1777-1778 em Valley Forge, George Washington aplicou princípios estóicos para liderar o exército revolucionário americano. Enfrentando condições extremamente adversas, Washington manteve a calma e a determinação, compartilhando as dificuldades com seus soldados e mantendo uma atitude resiliente. Esta abordagem estóica não apenas manteve a moral do exército, mas também contribuiu significativamente para o sucesso da revolução.

Mas o que é exatamente o estoicismo? 

Os estoicos acreditavam que a chave para uma vida boa estava em cultivar a virtude interior e aceitar o que não podemos controlar. Epicteto, um dos grandes mestres estóicos, resumiu bem: “na vida, nossa primeira tarefa é esta: dividir e distinguir as coisas em duas categorias: as externas eu não posso controlar, mas as escolhas que faço em relação a elas eu controlo.” O filósofo moderno Nassim Nicholas Taleb oferece uma definição contemporânea, descrevendo um estoico como alguém que “transforma o medo em prudência, a dor em transformação, os erros em iniciação e o desejo em empreendimento”. É sobre cultivar uma força interior que nos permite não apenas sobreviver às adversidades, mas crescer através delas.

Eles ensinavam que devemos focar nossa energia apenas naquilo que está sob nosso controle direto – nossos pensamentos, julgamentos e ações. Tudo o mais – as circunstâncias externas, as opiniões dos outros, os eventos futuros – deve ser aceito com equanimidade. 

Interessantemente, esses princípios estóicos encontram eco em várias práticas modernas de bem-estar mental. Por exemplo, o mindfulness e a meditação, assim como o estoicismo, enfatizam a importância de estar presente no momento. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) compartilha com o estoicismo o foco em como nossos pensamentos afetam nossas emoções e comportamentos. No entanto, enquanto estas são práticas específicas, o estoicismo oferece uma filosofia de vida mais abrangente.

Mas como podemos aplicar isso na prática?

Imagine essa filosofia como um “suplemento mental” para seu dia a dia. Por exemplo, imagine que você perdeu um emprego por um erro cometido. Ao invés de entrar em pânico, o estoicismo o encoraja a ver isso como uma oportunidade de crescimento. Um erro custoso? Não é um desastre, mas uma lição valiosa que só poderia ser aprendida através da experiência.

Na correria do dia a dia, é fácil esquecer de “alimentar” nossa mente com pensamentos construtivos. Muitas vezes esquecemos que os obstáculos que enfrentamos podem ser pequenos em comparação com os desafios enfrentados por outros. Mais importante ainda, essas dificuldades aparentes podem, na verdade, fornecer respostas sobre o que fazer em seguida. É por isso que os estóicos afirmam que o que bloqueia o caminho se torna o próprio caminho. O que parece impedir a ação pode, na verdade, impulsioná-la. 

Um exemplo inspirador dessa atitude é Nelson Mandela. Embora não fosse explicitamente um estoico, Mandela demonstrou muitos princípios estóicos durante seus 27 anos de prisão. Ele focou no que podia controlar – sua atitude e educação – transformando sua cela em uma “universidade”. Manteve sua integridade e visão de longo prazo, recusando-se a ser amargado pela injustiça, o que eventualmente o levou a liderar a transição pacífica da África do Sul para a democracia.

Então, da próxima vez que você enfrentar um obstáculo, lembre-se: ele pode ser o próprio caminho para o crescimento e o sucesso. Continue alimentando sua mente com ideias poderosas, e até a próxima dose de conteúdo!

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