Já adianto que A Insustentável Leveza do Ser, do autor tcheco, Milan Kundera, não é um livro fácil – e muito menos daqueles pra “descansar a mente”. Apesar de tratar sobre enredos amorosos, o intuito da obra é, na verdade, nos colocar contra a parede pra refletir bem densamente sobre tabus, opressão, desejos, liberdade e, claro, sobre o quão pesada também é a leveza pra quem vive (e detalhe: o livro é de 1982).
Na Tchecoslováquia de 1968 – em meio à invasão russa – somos apresentados a Tereza, Tomas, Sabina e Franz, quatro adultos descritos como “capazes de quase tudo para vivenciar o erotismo que desejam para si”. De início, entendemos que existem alguns fios que os ligam (partindo, inclusive, do encontro principal entre os dois primeiros), mas é quando os quatro acabam fugindo do conflito para Suíça que suas histórias, de fato, se entrelaçam. Destino? Acaso? Para explicar os encontros e desencontros, Kundera abandona teses “absolutas” e nos faz mergulhar no real, entendendo que a existência é fruto do que se fez e faz, e que mesmo buscando escolhas que visem a leveza, o peso é inevitável.
Opostos se sobrepõem durante a leitura, criando camadas complexas que nos fazem questionar de tudo um pouco – inclusive aqueles dilemas existenciais certamente inevitáveis, mas que buscamos adiar.