Semana passada pedimos para vocês sugerirem temas que queriam ver aqui no ‘Pra se Aprofundar’ e um dos sugeridos foi a seguinte pergunta: “Por que as teorias da conspiração interessam tanto o ser humano?” da Nutter Giovana Teles. Não preciso nem dizer que adorei, e se você também tem interesse nele, bora mergulhar comigo.
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Voltando às conspirações… Vai me dizer que você nunca ouviu a teoria de que a Terra é plana, que o atentado de 11 de setembro foi uma farsa ou que Elvis Presley não morreu… Pois é, elas estão por todos os lados, e suas origens remontam a antiguidade – como as lendas sobre os cavaleiros templários ou a morte de Júlio César, por exemplo. Mas, o termo das conspirações ficou assim conhecido lá durante a Guerra Fria, quando o medo de espionagem e sabotagens alimentou uma série de teorias sobre governos secretos e organizações ocultas. A partir de então, tais conspirações ganharam novas formas, as quais foram ainda mais impulsionadas com o passar do tempo pelos avanços tecnológicos.
O fato novo, por assim dizer, é a super velocidade de propagação da informação. Neste caso, no entanto, muitas vezes (e infelizmente), estamos lidando com a desinformação.
A quantidade de dados gerados online a cada minuto é simplesmente surpreendente! De acordo com a Domo, uma empresa de análise de dados, em 2021, a cada 60 segundos na internet:
- eram enviados cerca de 280.000 tweets;
- eram feitas cerca de 4,5 milhões de pesquisas no Google;
- eram enviados cerca de 347.000 novas publicações no Instagram;
- eram enviados cerca de 995.000 mensagens pelo WhatsApp;
- eram assistidos cerca de 4,3 milhões de vídeos no YouTube.
Então, fica evidente que, principalmente com a ascensão das redes sociais, está mais fácil criar e espalhar teorias que, nem sempre, têm qualquer respaldo científico ou factual.
De todo modo, fica a pergunta: O que está realmente por trás dessa “cultura da conspiração” vai muito além das tecnologias digitais? (até porque, a História está repleta delas!)
Pensando nos fatores psicológicos, o medo é um dos principais gatilhos causadores do ambiente ideal para conspirações. Isso porque ele faz com que nosso cérebro crie respostas para garantir conforto.
Afinal, por instinto, buscamos um estado de equilíbrio e alguns podem encontrá-lo através da imaginação – o que pode acabar em confabulações, até finalmente se verem totalmente envolvido em uma teoria da conspiração.
Vivemos em um ambiente de incertezas, crises, tensões de todos os tipos… Tudo isso alimenta o medo e, consequentemente, a necessidade de obter respostas, ainda que inventadas. E quando outros poderosos gatilhos são adicionados, como curiosidade, prova social, autoridade, comunidade e afeição, pronto! Temos a fórmula secreta da conspiração.
Pense como as teorias se espalham pelos grupos de WhatsApp, nas redes sociais ou até em perfis públicos. São pessoas que se unem pelo interesse comum de compartilhar suas crenças com outros indivíduos. Ou seja, é uma super carga cognitiva para o cérebro humano!
Conspiramos ou deixamos de conspirar pela necessidade humana básica de encontrar explicações, mesmo quando os eventos são aparentemente inexplicáveis, ou quando simplesmente não gostamos (ou aceitamos) certa explicação. Assim, conseguimos ficar numa zona de conforto e evitar sensações desagradáveis.
Coincidência ou não, por trás das conspirações, encontramos indivíduos que, por vezes, se sentem excluídos da sociedade, com baixa autoestima ou lidam com algum distúrbio psicológico/social. Talvez, essas teorias sejam uma forma de se sentirem especiais, ou de pertencerem a algum tipo de grupo seleto.
Vale, no entanto, destacar que apesar de parecerem simples opiniões, existem perigos reais envolvidos. Por baixo do plano da brincadeira, conspirações têm o poder de causar
diversos problemas, especialmente quando são usadas para justificar comportamentos prejudiciais ou violentos.
Então, é preciso sempre buscar o senso crítico. É importante que governos, empresas e indivíduos estejam preparados para lidar com a velocidade das mudanças e propagação das informações por aí, sabendo aproveitar as oportunidades que elas trazem e também lidar com os riscos que mitigam e ameaças relacionadas.
O melhor entendimento do mundo, da ciência e o próprio desenvolvimento socioeconômico mais igualitário são alguns pilares importantes a serem considerados nesse sentido.
Enfim, desafios de uma sociedade sempre em evolução!
Então, como podemos lidar com a teoria das conspirações? Assim como aprendemos a conviver em meio a microrganismos que atacam diariamente nosso sistema imunológico! Só que, ao invés de máscaras, álcool em gel etc, isso deve ser feito com fontes confiáveis e diálogos saudáveis. Faz sentido para você?