Durante toda a minha vida, tive a oportunidade de explorar diferentes lugares, graças à sorte e privilégio de pertencer a uma família que valorizava a descoberta de novos destinos – especialmente durante a infância.
A perspectiva de viajar com os mais novos, independentemente da idade, pode soar desafiadora, mas especialistas sustentam que essa experiência pode desempenhar um papel significativo no desenvolvimento infantil. Ela não apenas amplia o horizonte da criança, fomentando empatia em relação às diferenças culturais e facilitando a adaptação a mudanças, como também desempenha um papel vital no desenvolvimento linguístico. Embora saibamos que viajar com os pequenos demanda planejamento meticuloso, o que parece uma missão impossível não necessariamente o é – dentre muitos, os europeus, por exemplo, são mais do que habituados a viajar sem ajuda alguma.
Recentemente, tive a oportunidade enriquecedora de explorar a Itália e me hospedar no Sonnwies Family Resort, uma experiência que superou minhas expectativas. Este hotel, além de proporcionar um ambiente extremamente acolhedor, disponibiliza 70 horas de serviços de ‘babá’ e programas cativantes para crianças, assegurando momentos de liberdade para os pais. Com uma fazenda orgânica, a presença de alpacas e vacas, spa, ski e uma variedade de atividades familiares, o hotel se destaca na árdua tarefa de criar oportunidades para desconectar e revitalizar as energias, demonstrando uma atenção meticulosa aos detalhes para atender às necessidades de toda a família.
Mas, tirando a viagem em si que foi muito legal, essa experiência provocou uma reflexão profunda em mim sobre uma prática bem comum na Europa, através da qual muitos pais se aventuram em viagens com suas crianças sem a assistência de babás – em contraste com a realidade de alguns países, como o Brasil, onde a presença de babás durante as viagens é mais comum, no caso daqueles com recursos financeiros, claro.
Ao ponderar sobre isso, surge a compreensão de que na Europa, muitas famílias, ao embarcarem nessas aventuras, almejam criar uma atmosfera de autonomia e conexão familiar. Essa escolha reflete a valorização do tempo compartilhado entre pais e filhos, promovendo uma dinâmica maior.
Ok, mas alguém pode questionar “Por que viajar com crianças pequenas?”, considerando que talvez elas não se lembrem das aventuras… no entanto, é essencial reconhecer que essas experiências exercem um grande impacto no desenvolvimento cognitivo e emocional dos mais novos, especialmente nos primeiros cinco anos de vida, quando o cérebro da criança se desenvolve rapidamente. Expor os pequenos, desde o nascimento até cerca de três anos, a ambientes e pessoas diferentes contribui para normalizar e enriquecer suas experiências.
No início, enfrentei apreensões, ponderando sobre como seriam meus dias em função da minha filha – não só nessa viagem, que teve uma “estrutura” maior, como em uma recente para Portugal. Mas, ao final, percebi que essa escolha é mais comum do que se imagina e vai muito de encontro com o meu maternar: ser capaz de criar e entender minha filha melhor do que qualquer outra pessoa.
Portanto, ao meu ver, essa abordagem não apenas fortalece os laços familiares, mas também contribui para a formação de crianças mais independentes, adaptáveis e culturalmente conscientes. Assim, a jornada de descoberta do mundo em família transcende o simples ato de viajar, transformando-se em uma valiosa aventura de crescimento e conexão.