A cannabis já é legal em 22 estados nos EUA (Delaware acaba de legalizar) e se, antes, designers de embalagem colocavam sua criatividade para jogo bolando designs para alimentos ou produtos de tecnologia, agora eles estão dando tudo de si nas embalagens da cannabis comestível, que virou mainstream.
Voltando um pouco no tempo, a popularidade da maconha comestível aumentou muito durante a pandemia, já que muitas pessoas passaram a buscar maneiras de lidar com o estresse e a ansiedade, sem falar no aumento crescente do medo de produtos inalados, como os vapes. Trazendo um pouco de número, prevê-se que o tamanho do mercado global de produtos comestíveis com infusão de cannabis cresça US$ 25,27 bilhões de 2020 a 2025.
E com a sua popularização, aquele produto que vinha originalmente em saquinhos pequenos de plásticos com papéis de enrolar levando um nome de um local, aroma ou piada interna, não faz mais sentido. Agora, a trend são as balinhas com sabor de doces e frutas que vêm em lindas latas e embalagens.
Para as milhares de marcas se diferenciarem umas das outras, sabemos que a embalagem é uma parte relevante do processo. Os designers estão explorando maneiras criativas de tornar os produtos comestíveis de cannabis mais atraentes e fáceis de usar, com foco em embalagens modernas e elegantes, designs de produtos inovadores e novos sabores e formulações. Alguns também estão incorporando materiais sustentáveis e ecologicamente corretos em seus designs, em um esforço para atrair consumidores ambientalmente conscientes.
Lembrando que elas precisam parecer seguras para iniciantes e curiosos, ao mesmo tempo que precisam conter uma rotulagem clara do conteúdo de THC e CBD (as especificidades variam em todo o país), ingredientes, instruções de uso e advertências sobre os efeitos potentes do produto. Tais regulamentações podem ter um grande impacto no design, por exemplo, no Colorado – os produtos comestíveis não podem ser vendidos no formato de humanos, animais ou frutas, tornando-os menos propensos a serem confundidos com gomas não potentes. Na Califórnia, as embalagens precisam ser opacas, resistentes às crianças, com a opção de lacrá-las uma vez abertas.
A marca Mesobis, com quase dois anos de existência e prêmio de doces individuais mais glamourosos, modelou suas “gomitas” no formato de Pirâmide do Sol de Teotihuacán: pequenos montes escalonados polvilhados com pimenta em pó ou açúcar e vendidos nos sabores de tamarindo, manga e açaí. O nome e o formato das gomas fazem referência à civilização mesoamericana, que os fundadores (originários do México e do Brasil) acreditam ser pouco representados no mercado. Já a embalagem – um pacote que pode ser fechado novamente – refere-se à história mais recente do design: a variedade superlativa de edifícios brutalistas da América Central e do Sul. A inspiração para as cores da bolsa são os rosas e amarelos brilhantes, do arquiteto mexicano Luis Barragán. Enquanto isso, as curvas arrojadas da fonte foram criadas pelo designer gráfico da Cidade do México, Andrés Higueros – uma referência simultânea aos símbolos maias e ao tipo de formas simplificadas pressionadas nas paredes de concreto derramado de estruturas brutalistas, como o El Banco de Guatemala.
Já a marca Lord Jones, que tem como slogan: “For Your Royal Highness”, visava estar inserida dentro do mercado de luxo, uma vez que os fundadores pensavam seus produtos comestíveis como um item para presentear, que você levaria para um jantar, como um bom vinho. Portanto, o objetivo era criar uma embalagem que fosse tão luxuosa quanto os produtos, tão bonita e bem elaborada que você não a jogaria fora, uma embalagem que você se orgulha de exibir em sua prateleira, além de ter uma qualidade tátil e sensual que fosse preciosa na mão, transformando assim, o abrir da caixa em uma experiência, um ritual.
Por outro lado, a atenção para aqueles que não buscam o produto precisa ser redobrada, uma vez que algumas embalagens imitam dezenas de grandes e conhecidas marcas de salgadinhos e doces. Sem falar nos riscos que as balas podem causar se consumidas por crianças – ‘elas podem ter problemas para andar ou sentar-se ou ainda podem ter dificuldade para respirar’, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.
Para explorar outras embalagens, abaixo uma listinha de marcas que oferece maconha comestível:
Texto escrito com base na matéria da New Yorker, leia na íntegra aqui.