Chegar atrasado está fora de moda

Chegar atrasado está fora de moda

Ahhhhhh o tema dessa semana… Sinto os meus dedos querendo teclar mais rápido do que consigo de fato de tanta coisa que tenho para falar sobre pontualidade. Você é do time que é pontual ou do time que atrasa sempre? De antemão digo que sou pontual e odeio quando me fazem esperar. Morar em Londres me fez ter contato com o que é ser pontual em um nível que jamais pensei ser possível e suponho que incorporei isso pra vida. Quando estou no Brasil sofro, porque, afinal, não é segredo para ninguém que o brasileiro tem dificuldade quando se trata em ‘chegar no horário’.

Mês passado, o NYT publicou um artigo, reforçando como chegar atrasado não está mais na moda. Tal mudança parece ter surgido como efeito da pandemia – é como se hoje quiséssemos chegar à festa o mais cedo possível, antes que outro surto de Covid a feche. Linda Ong, diretora executiva da Cultique, uma empresa de consultoria americana que assessora empresas na mudança de normas culturais, acredita que ‘a pontualidade é fundamental, pois estamos passando por uma reavaliação de nossa relação com o tempo. Tem havido menos tolerância ao atraso porque existe a expectativa de que você tenha mais controle sobre seu tempo e, portanto, você deve ser pontual’.

Sempre tive como premissa que a pontualidade é cortês e respeitosa. Estar atrasado é uma mensagem clara de alguém que pensa que seu tempo é mais importante. Porém, não dá pra negar que as percepções do tempo variam muito em diferentes culturas – apesar de o conceito de tempo ser o mesmo em todo o mundo, são as atitudes subjetivas em relação a ele que, na verdade, importam. Por exemplo, na maioria do sul da Europa, América Latina, África e Oriente Médio, o tempo é um servo, não um mestre. Já para os Estados Unidos e na maior parte do Norte da Europa, tempo é dinheiro e um recurso escasso que não deve ser desperdiçado. É impossível dizer qual é a forma correta de olhar o tempo. Ambas são apropriadas, porém, em seus próprios ambientes.

No nosso país somos tolerantes com a falta de pontualidade, e tal tolerância vai passando de geração em geração. Quem nunca chegou cedo a uma festa, que teve sua atração principal retardada para que os atrasados não perdessem nenhum momento, invertendo os papéis quase que penalizando o pontual? O pontual no Brasil sofre (olha eu aqui!). Já na Suíça, não é coincidência que eles sejam os relojoeiros do mundo. A extrema pontualidade reina por lá e fica difícil dizer o que veio primeiro – os relojoeiros precisos ou as pessoas precisas. Pouco importa, pois o resultado é o mesmo: uma nação onde os trens, aviões, reservas em restaurantes – e tudo mais – realmente correm no horário. 

Em resumo, sempre terá aqueles que pensam assim como a escritora inglesa Evelyn Waugh, “a pontualidade é a virtude dos entediados”, já outros (eu!) apreciarão tal traço, o vendo como uma expressão profunda de respeito por outras pessoas.

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