A sexta linguagem do amor

Existe uma sexta linguagem do amor?

Dia desses, um amigo meu comentou sobre o popular livro ‘As 5 Linguagens do Amor’. Me lembrava que anos atrás outra amiga também o havia mencionado e fiquei com ele na cabeça. Há 30 anos, o pastor Gary Chapman escreveu tal conceito enfatizando que se aprendermos uns com os outros os idiomas do amor, teoricamente seremos capazes de nos comunicar mais efetivamente com nossos parceiros (ou filhos, chefes, amigos). Para ele, tais idiomas se encaixam em cinco categorias, ou “línguas”: atos de serviço, palavras de afirmação, tempo de qualidade, recebimento de presentes e toque físico. Tais ‘línguas’ podem ser úteis para enquadrar as questões de comunicação em nossos relacionamentos.

Pesquisando a respeito, me deparei com o recente artigo publicado pelo NYT, ‘As 5 Línguas do Amor aos 30’, em que o tema é analisado sob a perspectiva de ser um fenômeno de autoajuda que perdurou, apesar de ter se tornado desconectado de seu criador. Por exemplo, a autora procurou exemplos de pessoas que discutiam suas línguas de amor no Twitter e encontrou um monte de memes e maneiras engraçadas de as pessoas falarem sobre as idiossincrasias que gostam de dar e receber amor. Para ilustrar melhor, confira a lista satírica de novas línguas do amor que a comediante, Kasey Borger, co-escreveu junto de seu noivo, James Folta, para o site de humor McSweeney’s. 

De acordo com Chapman, o fato das pessoas declararem suas línguas de amor hiper-específicas não significa que houve uma nova descoberta. Para ele, os memes soam todos como ‘dialetos’ – ou versões – das cinco originais. ‘A sexta linguagem do amor é tacos. A sexta linguagem do amor é chocolate. Bem, se eles o compraram, é um presente. Se eles o fizeram, é um ato de serviço. Não sou dogmático, mas acho que a maioria das formas de expressar o amor se encaixa em uma dessas cinco”.

O livro já vendeu mais de 20 milhões de cópias (incluindo versões impressa, e-book e áudio) e teve até um quiz simples de múltipla escolha elaborado para ajudar as pessoas a entenderem suas próprias línguas de amor e as de seus parceiros. 

O que pensam os profissionais da área? 

A opinião sobre o trabalho do Dr. Chapman é dividida entre terapeutas de casais bem-conceituados. Para a Dra. Julie Gottman, uma psicóloga clínica e co-fundadora do Instituto Gottman, em Seattle, o livro “assume que as pessoas não têm a capacidade de aprender diferentes maneiras de expressar o amor. As categorias são superficiais e rígidas.” Para ela, as pessoas podem evoluir em termos de como elas expressam e recebem amor. As cinco línguas não são escritas em pedra. 

Outra crítica ao trabalho do Dr. Chapman é que ele se baseia inteiramente em observações anedóticas dos casais que se voltaram para ele em busca de ajuda e, até hoje, as evidências científicas para apoiar seu trabalho continuam esparsas. Porém, para a Dra. Orna Guralnik, a psicóloga de fala simples da série “Terapia de Casais”, a falta de provas científicas não é um divisor “é o que chamamos de validade facial – se não fosse útil para as pessoas, se não tivesse tocado em algo que importa, teria desaparecido”. 

Como a visão do Dr. Chapman é vista hoje em dia?

Em 2006, um estudo descobriu que o conceito de cinco línguas amorosas desconectadas era difícil de confirmar. Em vez disso, sugeriu que os indivíduos são mais propensos a usar todas as cinco línguas, em diferentes níveis, e não apenas uma ou outra. Em outro estudo, publicado este ano, pesquisadores da Universidade de Varsóvia, na Polônia, recrutaram 100 casais entre 17 e 58 anos que estavam juntos há pelo menos seis meses e pediram que classificassem suas preferências entre as cinco (em vez de destacar uma só língua de amor) e sua satisfação no relacionamento. Os pesquisadores descobriram que casais que pareciam falar a língua do amor um do outro – ou seja, indivíduos que preferiam expressar o amor na forma que seus parceiros preferiam recebê-lo – relataram ter maior satisfação no relacionamento.

Observaram também que não só as pessoas queriam que seus parceiros se comunicassem com eles em suas próprias línguas de amor, mas também que quando você fala a língua do amor de seus parceiros, isso “o deixa mais feliz no relacionamento”, disse Maciej Stolarski, um dos autores do trabalho.

E aí, você já leu esse livro? Qual a sua opinião sobre o assunto? 

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