Fama um vício perigoso

Fama: um vício perigoso

O que você quer ser quando crescer?’ ‘famosa’ responde ela… Bom, pense quantas pessoas vocês conhecem que responderam a mesma coisa à essa pergunta quando eram crianças? Ou melhor, pense sobre quantas pessoas não se sentem confortáveis em admitir para os amigos que, secretamente, a ideia de ser famoso tem um grande apelo? Hoje quero aprofundar no significado da fama e como para muitos jovens que são youtubers e wanna be influenciadores, a fama é o objetivo final da carreira – e por que talvez essa não seja a escolha mais sábia.

Estava lendo um artigo que relaciona a fama com o nosso mau hábito de querer coisas que são terríveis para nós. Foi citado um estudo, de 2012, que retratou a fama como a maior meta na vida das crianças nos EUA de 10 a 12 anos. Já em uma pesquisa de 2017 com 1.000 crianças britânicas, a escolha mais popular para uma carreira futura foi “YouTuber“. Oi? Sim, isso mesmo, e olha, essa é a realidade exposta, mas também têm aqueles adultos que estão menos dispostos a admitir diretamente que querem ser famosos – ‘92% dos adultos americanos acreditam que “uma pessoa é bem-sucedida se for rica, tiver uma carreira de grande importância ou se for bem conhecida”,

Claro que a fama tem suas vantagens – o estilo de vida de alto padrão; tratamento especial; inspirar os outros; o status; ser um modelo capaz de fazer o bem etc. Acontece que, no geral, muitos pensam que ao atingi-la, ficamos a salvo da rejeição, que não será preciso conquistar cada nova pessoa, o que sabemos ser falso. Sua busca, normalmente, surge como uma resposta à profunda necessidade de sermos valorizados e tratados com dignidade pelos outros. Porém, como já dizia o poeta John Milton, em 1937, “a fama é… a última enfermidade da mente nobre”. Em outras palavras, ela não te trará felicidade, pois ela não se encontra dentro de nós mesmos, sendo considerada por estudiosos como uma recompensa extrínseca, o que pesquisas mostram de forma esmagadora trazer menos felicidade do que as recompensas intrínsecas.

A pessoa que almeja a fama esquece constantemente que o mundo não é gentil com os famosos por muito tempo (leia-se Britney Spears). O motivo? Simplesmente porque a felicidade alheia incomoda, e o sucesso de qualquer pessoa envolve humilhação para muitas outras. Ser famoso perturba as pessoas, é estar muito visível aos olhos de alguns e, consequentemente, estar vulnerável ao olhar alheio que pode passar a vê-lo como a causa plausível de humilhação: um símbolo de como o mundo o tratou injustamente.

A fama é considerada altamente viciante e perigosa, especialmente para os jovens. Isso não é de agora, como Arthur Schopenhauer, filósofo do século 19 disse: ‘a fama é como a água do mar: quanto mais você a toma, mais temos sede”. Além disso, as mídias sociais agravaram tal vício, facilitando o processo de ficar famoso, principalmente por possibilitar que quase qualquer pessoa seja reconhecida por um certo número de desconhecidos. Mas, engana-se quem pensa que ter muitos followers e likes significa ser amado, compreendido e apreciado. Nesse caso, a fama significa apenas que você é muito notado. Apreciação e compreensão só estão disponíveis por meio de indivíduos que você conhece e se preocupa, não por meio de grupos de mil ou um milhão de estranhos. A pessoa sábia sabe que a fama não fornece nada disso.

Bom, e por que tantas pessoas ainda buscam a fama? Provavelmente porque a vida comum deixou de ser boa o suficiente. É importante se questionar se você quer ter como base para a sua felicidade o julgamento alheio, principalmente de estranhos. Imagina que esquisito que deve ser ter alguém formando uma opinião sobre como você aparenta, sua personalidade ou trabalho? Vai por mim, a chance disso acabar mal e afetar a sua autoestima é grande, ou seja, não tem como atingir a realização através do julgamento de estranhos, a fama deve ser tratada como uma droga perigosa, stay away!
 

Pra se aprofundar ainda mais

🤓  ‘PSIUUUU…soube da última?‘ – sabemos que não existe fama sem fofoca, e por isso, não podia deixar de compartilhar com vocês o tema da semana escolhido pela Gama Revista – a fofoca. Vale ler que está demais!
 

🤓 O livro ‘Rastejando até Belém‘ reúne vinte dos mais célebres textos de Joan Didion que a consagraram como uma das pensadoras mais originais da segunda metade do século XX. Um dos textos, Didion traz Joan Baez, que como ela mesmo diz,“foi uma personalidade antes de ser inteiramente uma pessoa e, como a qualquer um a quem isso acontece, ela é, em certo sentido, a infeliz vítima do que os outros viram nela, escreveram sobre ela, queriam que ela fosse e não fosse.”

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