É provável que você já tenha usado um produto de beleza importado da Coreia do Sul ou que já tenha escutado a música chiclete, Gangnam Style, que explodiu no mundo em 2012, ou ainda, hits das estrelas atuais do K-Pop, BTS e BlackPink. Sem falar na sua possível contribuição para Round 6 se tornar o primeiro programa não-inglês da Netflix a chegar ao topo das tabelas de visualização global e daquela vez que você assistiu ao super premiado filme Parasita.
Ufa! É impressionante, mas tudo aquilo que tem a letra K na frente vira fenômeno mundial. Tal fenômeno é conhecido como Hallyu, um termo que talvez não estejamos familiarizados, mas que certamente estamos acostumados com o seu impacto em nossas vidas. A palavra chinesa é traduzida literalmente como “onda coreana” e se refere à transcendência e à crescente popularidade das exportações culturais sul-coreanas, primeiramente adaptadas por países como a China e Japão, e agora também populares nos países ocidentais.
Afinal, hoje, a cultura sul-coreana influencia a maioria das categorias de bens de consumo e invadiu o mercado do entretenimento global nas últimas três décadas com novelas, filmes, roupas, games, produtos e música, desafiando as correntes da cultura pop global contemporânea.
K-Pop e o impacto econômico na Coreia do Sul
Tudo isso surgiu a partir do final dos anos 90, quando o governo sul-coreano se esforçou para sair da crise econômica tomando medidas como a criação de um setor dedicado à cultura popular no Ministério da Cultura, que depois foi apelidado de “Departamento de K-pop”. Em 2019, foram mais de R$ 6 bilhões injetados pelo Departamento – em comparação, no mesmo período, o Brasil utilizou R$ 1.98 bilhões do orçamento destinado para cultura, segundo o Portal de Transparência.
O resultado é positivo, já que no mesmo ano, mais da metade dos turistas estrangeiros visitaram o país por causa da Hallyu, de acordo com uma pesquisa realizada pela Organização de Turismo da Coreia do Sul. São mais de R$ 26 bilhões ao ano, apenas com o K-pop.
Mas, por que esses sucessos coreanos são tão atraentes para o mundo ocidental e para além dele?
Como um efeito colateral, o Hallyu tem impactado positivamente a cultura global e a percepção de muitos países ocidentais sobre a cultura asiática. Além do K-pop, outro tipo de entretenimento sul-coreano tem chamado a atenção de muita gente – especialmente dos brasileiros. Os K-dramas (drama coreano), novelas popularmente conhecidas no ocidente como Dorama – palavra usada para se referir às produções feitas no Leste-asiático, como Japão, Tailândia, China e Coréia do Sul.
E por que tanto sucesso? Bom, apesar das histórias e K-dramas estarem enraizados nos cenários coreanos, os temas abordados costumam ser universais com os quais todos no mundo se relacionam. Eles são construídos sobre esta universalidade acessível que realmente tem ressoado com as pessoas.
Round 6 (globalmente conhecido como Squid Game) abriu espaço para mais exportações coreanas. A mais recente, Uma Advogada Extraordinária, vem se tornando um fenômeno mundial – está no top 10 de séries de língua não-inglesa mais vistas de todos os tempos na Netflix – e acompanha Woo Young Woo, uma jovem advogada que, devido a sua síndrome de Asperger, apresenta QI superior dos demais e destaca-se como uma profissional excelente. Tal sucesso prova um apetite por maluquices coreanas, bem como violência de alto nível. A estrela do programa, Park Eun-bin, começou como uma atriz infantil na televisão coreana há 27 anos e diz ser gratificante estar agora alcançando uma audiência global. Para ela, há uma confiança de que nada precisava ser modificado para encontrar tais telespectadores, mesmo no Ocidente, uma vez que, como ela diz: “o que funciona aqui também funciona fora”.
Os resultados coletivos dessa febre ‘so cool’ coreana, que floresceu em todo o mundo na última década ou mais serão comemorados em uma grande exposição no final do mês no Victoria and Albert Museum (V&A), em Londres, chamada Hallyu, A Onda Coreana.
Quem aí é fã de BTS, dorama ou produções coreanas?