Ninguém é perfeito

Ninguém é perfeito

Quando reflito sobre as minhas qualidades, a palavrinha ‘perfeccionista’ quase sempre me ocorre à cabeça. E quando reflito sobre os meus defeitos, ela vem também. Por quê? Por tal característica ser camaleoa, podendo existir tanto para o bem quanto para o mal e, na minha vida é assim mesmo, horas tal característica me beneficia, horas me boicota!

É normal eu me sentir às vezes estagnada sem conseguir executar tarefas porque sinto que, se não for para ser a melhor e fazer o meu melhor, nem vale a pena. Isso sem falar em como julgo o meu potencial relacionando-o às minhas conquistas. Talvez esse sentimento venha como uma resposta ao medo de fracassar, inerente aos humanos — daquela dúvida em ser uma ‘farsa’ ou talvez seja o pedestal em que coloquei o significado de ‘sucesso’…

É fato que meu traço perfeccionista é o meu maior motivador, me ajudando a alcançar resultados esperados, mas também é fato que quando ele ataca e domina meu agir e julgar, traz efeitos colaterais psicológicos fortes e dolorosos. Vira e mexe congelo de tanta ansiedade que ele produz. Sim, o perfeccionismo e a ansiedade são praticamente irmãos gêmeos que não se desgrudam.

Por exemplo, cansei de começar um trabalho novo (no passado) que logo ao final da primeira semana, já esperava de mim mesma que soubesse TU-DO e pior, TINHA CERTEZA QUE TODOS ESPERAVAM O MESMO DE MIM e que se não demonstrasse um alto nível de competência logo de cara, eu seria descoberta, ‘a tal farsa’ que mencionei acima.

Segundo Dr. Paul Hewitt, co-autor do livro Perfeccionism: A Relational Approach to Conceptualization, Assessment, and Treatment (Perfeccionismo: Uma Abordagem Relacional à Conceitualização, Avaliação e Tratamento), “o perfeccionismo é um estilo de personalidade amplo caracterizado por uma relação hipercrítica com o próprio eu… Estabelecer padrões elevados e buscar a excelência podem ser traços positivos, mas o perfeccionismo é disfuncional por ser ressaltado pelo senso que uma pessoa tem de si mesma como sendo permanentemente imperfeita ou com falhas”.

Como sintomas, tal traço traz muito sofrimento, como: medo excessivo de cometer erros, pressão sobre a própria performance, tensão, frustração, tristeza e medo de humilhação. Qualquer perfeccionista tem o péssimo hábito de igualar sucesso com felicidade e para ele a mesma só pode ser atingida através da perfeição. Como são raramente perfeitos, raramente são felizes. O perfeccionismo, tragicamente, não nasce de um amor à perfeição. Ele tem suas origens num sentimento muito mais cruel: o de nunca ser suficientemente bom. Ele está enraizado no ódio a si mesmo, provocado pelas lembranças de ser desaprovado ou negligenciado por aqueles que deveriam ter nos estimados calorosamente na infância.

Já o lado bom, tira o melhor de si mesmo e espera que os outros o façam também, mas TRATAM OS FRACASSOS COMO OPORTUNIDADES DE APRENDIZAGEM em vez de indicadores de incapacidade. A perfeição deve inspirar e não gerar ansiedade e comparações.

Ao escrever essa edição, me senti exposta, mas venci essa sensação por acreditar haver mais pessoas como eu do outro lado e por sentir que posso ajudá-las de alguma maneira. Estamos juntos! E fica aqui o meu convite para você praticar certas atitudes que irão te ajudar a sair dessa emboscada e que eu mesma tento sempre praticar.
  
⚠️  ATENÇÃO! ⚠️

  1. Nunca permita sua auto-aceitação depender da realização de algum objetivo.
  2. Estabeleça metas e busque por excelência, mas não faça sua auto-estima depender do sucesso.
  3. Diga a si mesmo que você é um ser humano, fazendo o melhor que pode a qualquer momento com os recursos e conhecimentos imperfeitos que você tem, e está operando em um mundo muito imperfeito. É impossível ser perfeito e as coisas ficarão bem assim.
  4. Por fim, lembre-se de que cada conquista é apenas um momento no tempo. A maioria de nossa vida acontece entre essas conquistas! Sendo importante que aproveitemos o intervalo de tempo, que percebamos e apreciemos profundamente este mundo em que vivemos e as pessoas que amamos.


🤓 Dica de leitura das boas: A Arte da Imperfeição de Brené Brown que nos encoraja a questionar a necessidade crônica de perfeição e nos mostra que aceitar nossas vulnerabilidades é o melhor caminho para relações mais próximas e uma vida significativa.

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