Nossa atenção não colapsou, ela foi roubada

Nossa atenção não colapsou, ela foi roubada

Quantas vezes me peguei assistindo a um filme e, do nada, eu me vejo pensando se eu fechei a porta do quarto para o gato não entrar, se eu chequei o e-mail com a reserva do restaurante,… Também vira e mexe me pego no telefone com alguém e, enquanto é minha vez de ouvir, estou respondendo uma mensagem de outra pessoa. Ah, sem falar que eu tenho o péssimo hábito de comer rápido e também não é raro quando eu erro o caminho ou perco uma estação porque estou com o pensamento lá longe… Enquanto eu escrevo a newsletter, eu olhei inúmeras vezes pro meu celular…

Eu sinto (e provavelmente você também) que, cada vez mais, tem sido difícil manter o foco, estar 100% presente. É ruim admitir, mas não tenho dúvidas que estamos de fato vivendo a tal da crise de atenção, muito semelhante a qualquer outra crise por aí.

Johann Hari, escritor, jornalista, TED talker, acaba de lançar seu mais novo livro, Stolen Focus: Why You Can’t Pay Attention–And How to Think Deeply Again e nele defende a ideia de que a nossa atenção não colapsou, ela foi roubada. Só que o que fazemos é nos culpar – eu pelo menos vivo P. da vida pela minha falta de foco que afeta meu rendimento no trabalho. E foi bom entender que é preciso parar com isso. A crise é sistêmica – uma crise que está acontecendo com todos nós – e requer soluções sistêmicas. Para ele, ‘você não se tornou fraco. Você foi hackeado’

Hari também pontua como a pandemia colocou muitos de nós em um estado chamado “hipervigilância”, que prejudicou e segue prejudicando o nosso foco. Se encontrar nesse estado significa procurar constantemente por riscos e ele pode ser desencadeado por qualquer situação estressante. Em resumo, o foco profundo é algo que você só pode realmente fazer quando tiver alcançado a segurança. Portanto, ninguém deve se culpar por ter dificuldade para se concentrar durante uma pandemia.

Para ele, só podemos sair desta crise se atuarmos em dois níveis diferentes. O primeiro é como indivíduos isolados, fazendo mudanças em nossas próprias vidas e na vida de nossos filhos, para nos proteger das ‘forças’ que hackeiam nossa atenção – e no livro ele ensina várias técnicas. E o segundo é através de um movimento em que precisaremos forçar as empresas de mídia social a adotar um modelo de negócios diferente.

Para ele, ‘precisamos fazer impedir os fatores que estão arruinando nossa atenção hoje. Isto requer uma mudança de perspectiva. Precisamos parar de pedir pequenos ajustes – não somos camponeses medievais, implorando na corte do rei Zuckerberg por migalhas de atenção de sua mesa. Somos os cidadãos livres das democracias, e possuímos nossas próprias mentes – e podemos tirá-las das forças que as roubaram.’

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