De passagem pelo Brasil, estou impressionada como o universo de ‘deliveries’ de comida/restaurantes aflorou e expandiu, muito impulsionado pelo fato de o mundo ter ficado trancado com a pandemia. Quem não se lembra das longas filas nos supermercados junto com as exigências de distanciamento físico no início da pandemia? Tudo isso deu um enorme impulso à categoria, transformando a entrega quase como a ‘salvação’ para alguns restaurantes em dificuldade.
O advento de aplicativos atraentes e fáceis de usar, juntamente com a mudança da expectativa dos consumidores, revelou a entrega de alimentos como uma categoria importante, pronta para permanecer como um elemento permanente no cenário dos restaurantes.
Há pouco menos de duas décadas, a entrega de refeições com qualidade de restaurante ainda se limitava em grande parte a alimentos como pizza e comida chinesa. Apesar das estimativas variarem, o mercado global de entrega de alimentos online atingiu um valor de US$ 106,1 bilhões em 2021. Olhando para o futuro, espera-se que o mercado atinja US$ 223,7 bilhões, em 2027, exibindo um CAGR de 11,44%, durante 2022-2027, e respondendo por 40% do total de vendas de restaurantes.
Ou seja, o restaurante que antes não entregava, não pode se dar ao luxo de não abraçar a mudança e, nós consumidores, ficamos felizes com o grande leque de opções disponíveis. Foi justamente pensando nesse cenário que, curiosa que sou, resolvi fazer uma pesquisa sobre esse universo e, entender as tendências e tudo o que tem despontado nesse mundo. Bora?
Vamos às tendências…
Frotas de entregas de propriedade do restaurante
Com a pandemia, os donos de restaurantes tiveram que aprender a levar o processo de entrega mais a sério, e tomar posse do mesmo. Ao deter o processo de entrega e evitar serviços de terceiros, o estabelecimento tem mais controle sobre a experiência gastronômica, desde os padrões de saneamento até o paradeiro do motorista.
Enquanto serviços como o DoorDash entregavam um pedido a um cliente de cada vez, os motoristas da própria frota de um restaurante seriam capazes de fazer entregas duplas ou até mesmo triplas, feitas em uma única viagem. Para ajudar, a tecnologia com IA está tornando todo este processo ainda mais eficiente, otimizando os pedidos via cronograma de entrega do motorista, assim como as rotas de entrega individuais dos motoristas.
Rastreamento de dados da entrega como prioridade máxima
A análise de dados é crucial e desempenha um papel muito importante para aplicativos e serviços. Para obter resultados mais exatos dos usuários, os aplicativos adotam a estratégia de sempre usar ‘dados’ a favor do consumidor, resultando em pontualidade e, consequentemente, maior confiabilidade. Dados possibilitam entender o humor do cliente, prazos de entrega, ofertas direcionadas, além de disponibilizar notificações e updates do tráfego em tempo real e histórico de pedidos anteriores.
Diferentes opções de entrega em tempo recorde
Inovadores métodos de entrega estão surgindo cada vez mais, visando reduzir o tempo e os custos. Dentre os mais esperados para os próximos anos estão: a distribuição por robôs e drones.
Robôs: O avanço da inteligência artificial faz com que robôs inteligentes possam atender pedidos e fazer entregas. Startups como Yelp e Marble desenvolveram robôs de entrega especializados com câmeras aprimoradas e mapas 3D para auxiliar no planejamento de rotas.
Drones: A entrega de drones é utilizada, principalmente, para evitar áreas congestionadas nas cidades, garantindo a entrega no prazo e, ao mesmo tempo, reduzindo os custos operacionais.
Uma série de startups como a Jokr, Buyk,1520, Fridge No More, Gorillas, Getir, prometem uma “entrega imediata” com ‘pedidos chegando em 30, 20, 15, ou mesmo 10 minutos após os clientes clicarem no botão ‘concluir compra’ em seus aplicativos‘. As pessoas que fazem as entregas, especialmente em bicicletas elétricas, não são terceirizados e, sim, funcionários. Os funcionários da Gorillas, por exemplo, recebem benefícios de saúde e têm férias remuneradas. A empresa paga todo o equipamento de que necessitam – incluindo ebikes, coletes refletivos e equipamento para chuva.
Novos canais de entrega para melhorar a experiência e alcançar novos consumidores on the go.
A Gen Z e Millennials passam mais tempo conectados à internet e às redes sociais, por isso, pedir comida pelo inbox do Instagram, Whatsapp ou Facebook Messenger soa mais simples e conveniente, enquanto que fazê-los ligar para um restaurante ou entrar em um site pode levá-los à perda de interesse e, consequentemente, a nãovenda.
Você já pensou em pedir uma sobremesa através de um tweet? Ou usar a Alexa para pedir sushi? Isso tem sido cada vez mais uma realidade, tendo em vista que os consumidores querem pedir comida e chegar aos seus restaurantes prediletos da maneira mais fácil possível. Para ficar no topo, os estabelecimentos estão adotando tecnologias sofisticadas, como Google Assistant, Siri e Alexa, dando um toque mais pessoal para toda a experiência.
O fato é que é preciso estar sempre atento à manutenção constante e atualizações das plataformas já existentes no mercado, uma vez que grande parte dos consumidores abandonam um pedido digital caso a experiência seja ruim.
As assinaturas para a entrega de alimentos estão em alta
As caixas de supermercado, que são enviadas aos assinantes com ingredientes pré-selecionados para receitas específicas, viraram definitivamente uma opção durante o lockdown, quando a alternativa eram filas de supermercado com distanciamento ou até a dificuldade de conseguir um slot de entrega do supermercado devido a alta demanda.
Em 2020, a Gousto mais do que dobrou o número de entregas mensais de 2,5 para 6 milhões, marcando seu primeiro ano completo de lucro. Agora está vendendo 8 milhões de refeições mensais, enquanto a rival HelloFresh atraiu mais 3 milhões de clientes em 2021, em comparação com o ano anterior.
Nos próximos anos, o mundo certamente verá mudanças significativas, tanto em termos dos principais players do setor como também de como os aplicativos de entrega fazem negócios. Vamos ficar de olho!