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O YouTube se tornou a maior babá do mundo

Aquela cena do pai ou a mãe deixando tocar o vídeo da “Galinha Pintadinha” para a criança ficar quieta no supermercado, em uma consulta médica ou no caminho para a escola não é muito distante, né?

Pois é… o problema é que esses momentos têm se tornado mais recorrentes. Várias pesquisas comprovam – pasmem – que o conteúdo infantil lidera os canais do YouTube em vários países do mundo, ganhando de canais de jogos, aqueles no estilo ‘How To’, entretenimento geral, comédia ou animais. Quer números chocantes? A “CoComelon” tem 156 milhões de assinantes no YouTube – sendo o segundo maior canal da rede social – e foi assistida por um total de 33 bilhões de minutos no ano de 2021, de acordo com a Nielsen – mais do que as séries de sucesso da Netflix, “Squid Game” e “Bridgerton” juntas. O canal infantil é o canal mais lucrativo de todos os tempos no YouTube, com uma estimativa de US$ 282,8 milhões acumulados em seus vídeos, desde sua criação em 2006.

A pesquisa da CashNetUSA com a Social Blade mostra que os ganhos desses canais disparam em países da América do Norte, na maior parte da América do Sul, Rússia, Suécia, Alemanha, Portugal e grande parte da Europa Central e Oriental, além de Jordânia, Israel, Índia, Indonésia, Tailândia, Mongólia, Austrália, Turquia e Cazaquistão. 

Quando olhamos para o Brasil, de acordo com a B2Gether, dos dez canais mais influentes do YouTube, sete são para um público de 6 a 18 anos de idade.

Mas, será que isso é um problema? As crianças e adolescentes de hoje são tão diferentes das gerações que passavam horas em companhia das fitas-cassetes ou da TV à cabo?

É fato: a geração Z está se viciando em vídeos, não apenas do YouTube, mas também no TikTok – a rede da vez. O tempo de exposição a telas, hoje, é muito maior, sem contar que muitos começam ainda mais cedo, com 2 anos ou menos – o que não é recomendado pela Sociedade Brasileira de Psiquiatria (SBP).

Estudos recentes sugerem que o uso “excessivo” de telas torna mais difícil para as crianças regularem suas próprias emoções, criarem a habilidade de atenção e foco, e pode encorajar o comportamento obsessivo-compulsivo, potencializar o risco de ansiedade, depressão e transtornos alimentares, além de as fazerem perder a noção do real e do virtual.

Por outro lado, a resposta pode ser mais simples do que se imagina (porém, não menos trabalhosa). Até porque, por mais que essa geração já tenha nascido em um mundo digitalizado, elas não saem do útero para o tablet!

Então, a questão simples por trás disso tudo é: limites – ou a falta deles. Afinal, nenhuma delas têm (ou não deveriam ter) responsabilidades, como responder a mensagens e e-mails urgentes de trabalho, e nem dependem socialmente da internet. 

Sabemos que existem pais com diferentes realidades e isso tudo afeta se e quanto tempo uma criança pode acabar sendo exposta às telas. Temos também que parar de olhar para isto como uma questão 8 ou 80. Às vezes, proporcionar tempo de tela pode ser a melhor opção –  talvez brincar ao ar livre não seja uma opção ou não seja seguro, ou ainda alguns pais precisam que seus filhos estejam em uma tela em determinados períodos, enquanto tentam equilibrar trabalho e outras responsabilidades.

Portanto, cabe ao educador fazer valer os limites entre o mundo virtual e o real, incentivando outras atividades, impondo horários de restrição às redes, agenda com mais momentos de leitura, brincadeiras, etc. Ou seja, educar dá trabalho! Enquanto os pais não retomarem o controle da situação, vamos continuar vendo menores vulneráveis e viciados em jogos eletrônicos, redes sociais e plataformas de vídeos.

Ainda não sabemos realmente quais são as consequências , mas sabemos que passar muito tempo diante das telas e não se envolver em jogos criativos, por exemplo, pode sim causar danos no desenvolvimento físico, psicológico e social.

Portanto, a verdade é que a infância é preciosa demais para passar diante dos nossos olhos. É praticamente impossível evitar o mundo virtual que as telas proporcionam por completo.Que possamos fazer diferente: brincar, conversar, incentivar a leitura, estimular a criatividade, a música, a arte, o esporte, o faz de conta, os “porquês” que parecem infinitos e por aí vai….

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