Junto com a pandemia vieram muitos hábitos novos – alguns temporários – e outros que parecem ter vindo para ficar. Esse é o caso do ‘tirar o sapato ao chegar em casa’. Aliás, você tira? A prática começou há milênios pelos povos orientais, mas hoje ela é adotada por várias pessoas e culturas em todo mundo – veja esse mapa mundi.
Segundo um estudo da Universidade do Arizona em 2008, o exterior dos sapatos tem em média 421.000 unidades de bactérias, mas exatamente que tipos de bactérias e quais ameaças elas representam à saúde? Prepare-se. De acordo com o resultado, em 96% das solas de sapatos foram encontradas bactérias fecais, incluindo a chamada Escherichia coli (E.coli), que apesar de serem ‘inofensivas’ aos seres humanos, causam diarréia severa, infecções do trato urinário e até mesmo meningite. Outros estudos também encontraram a Staphylococcus aureus, normalmente associada a uma ampla gama de infecções de pele, sangue e do coração. Imagina carregar tudo isso para dentro de casa sabendo que a taxa de transferência dessas bactérias para os ladrilhos limpos está entre 90% e 99%?
Olhando por outra perspectiva, o hábito também tem um segundo motivo, particular da cultura oriental. Os japoneses valorizam a higiene espiritual de seus ambientes – o tal do Feng Shui sabe? Então, eles consideram que tanto a sujeira quanto a desorganização atrapalham a harmonização dos ambientes, e que o nosso sapato capta muita energia negativa das ruas, sendo esta uma energia de baixa vibração. Imagina essa energia negativa toda circulando na sua casa? Por isso, para eles, tirar os sapatos na entrada deixa de fora as energias impuras que podem desequilibrar a ‘vibe’ do lar. Sem falar que tirar o calçado também é visto como um gesto de respeito e demonstra que você não quer sujar aquele ambiente. Para os chineses e seus mais de 5.000 anos de experiência com reflexologia do pé, o andar descalço permite estimular os pontos de pressão além do fato de dar aos pés uma chance de relaxar, sentir, esticar e respirar.
Já o autor do livro “Dirt Is Good”, Gilbert, traz teorias que trazer elementos do exterior para dentro de casa pode ajudar a estimular os sistemas imunológicos, particularmente em crianças.
Por exemplo, ‘no primeiro ano de vida, a interação física com um cão pode reduzir a probabilidade de uma criança desenvolver asma em 13%, enquanto as interações em um celeiro ou fazenda podem reduzi-la em 50%.’
Pensando em tudo isso, busquei algumas inovações e soluções para incentivar esse hábito que pode trazer benefícios para nossa saúde e casa!
- Torne o espaço conveniente e certifique-se de ter acomodações que facilitem a retirada do sapato. Para isso, você precisa de duas coisas: um lugar para sentar e um lugar para guardar os sapatos.
- Tenha um bom capacho na entrada, já que, segundo o Dr. Bactéria, ‘o capacho segura 80% dos germes trazidos da rua.’
- A arquitetura e a decoração de interiores podem ajudar – e muito. No Japão, por exemplo, é comum haver um pequeno hall num nível abaixo do restante da casa (Genkan), criando uma barreira física (o degrau) que deixa claro que os calçados não podem passar dali. Neste ambiente, normalmente existe uma sapateira que organiza os pares e evita bagunça à porta.