MILLENIALS_HOBBIES_EYN

Por que os millennials não têm hobbies?

Durante minhas recentes leituras semanais, me deparei com um artigo que questionava: por que os millennials não têm hobbies? Achei esta pergunta tão poderosa e verdadeira ao mesmo tempo. Me encaixo nessa estatística – tenho prazer em algumas coisas, mas não tenho um hobby que pratico constantemente (além do meu trabalho com a EYN, que poderia ser facilmente considerado um hobby já que me divirto tanto na curadoria).

Nele, podemos ler um tweet transformado em um post do Instagram pelo autor canadense, Jonny Sun, que me chamou bastante atenção. Dizia:

Sou um ADULTO

O que significa que eu não tenho nenhum HOBBY

Se eu tivesse algum TEMPO SOBRANDO

Eu DESCANSARIA

As frases simples acima nunca foram tão verdadeiras – é exatamente como eu me sinto, assim como provavelmente muitos outros. Parei, pensei… A última vez que aprendi algo do zero por puro prazer foi bordado,durante a pandemia, visando escapar do tédio durante os momentos em que o tempo parecia estar parado, onde tentar algo novo parecia ideal. O fato é que há muitas coisas que eu gostaria de aprender, praticar e explorar – tocar piano, estudar italiano, elevar o bordado, aprender um novo esporte etc – mas a realidade é que sinto 100% do tempo que não tenho tempo a perder.

Para Robert Stebbins, professor emérito de sociologia da Universidade de Calgary, especializado em estudos de lazer, ‘o lazer, em uma versão de senso comum, é fundamentalmente o ‘não trabalho. Ele não define nada. Ele define o que não é”. Para ele, precisamos nos esforçar seriamente na prática de alguma atividade de lazer a fim de colher suas recompensas ao longo do tempo. Assim como dedicamos nosso dia a dia e focamos nossa energia a uma carreira, o compromisso com uma atividade de “lazer” é uma das chaves para alcançar uma vida plena, diz ele.

Não é mentira que cada vez mais procuramos ajuda do algoritmo para descobrir como passar nosso tempo livre e é com tal fato que a autora se questiona: ‘o que significa realmente ter um hobby especialmente em um momento que vivemos tanto nossas vidas online?

Em meio a Era do Instagram e TikTok, observamos o tempo todo novos passatempos visuais e somos incentivados, querendo ou não, a atuar para os outros. Cada “interação” que recebemos em um post nos ensina como fazer nosso próximo de modo a ganhar mais likes, comentários e compartilhamentos – “esse é um ciclo de feedback que nos incentiva a ir atrás desses hobbies realmente visuais”, diz Sarah Frier, autora de No Filter: The Inside Story of Instagram, hobbies aren’t dead.

Vivemos uma cultura de trabalho que enfraqueceu a divisão do que é vida profissional e pessoal. Para muitos de nós, o aumento do emprego precário e da insegurança, resultou em uma relação tóxica com o trabalho, deixando pouco tempo ou energia para qualquer outra coisa. Se o objetivo de um hobby é a realização fora da vida profissional, como podemos atingir algum nível de satisfação – ou melhor ainda, de felicidade – sem que haja pressão para monetizá-lo? A prova de que isso acontece é o Etsy, repleto de artesãos locais vendendo tudo, dos quais mais de 70% disseram que suas pequenas empresas fornecem uma importante fonte de renda suplementar – em média, quase 10% de seus ganhos domésticos.

À medida que reemergimos no mundo, muitos repensam como passam o seu tempo livre. Nos últimos dois anos, ficar preso em casa permitiu a muitas pessoas fazer uma pausa e reavaliar como enriquecer a vida sem ser escravo das redes sociais. Na verdade, pelo contrário, a usá-la para aprender novas habilidades e interesses. Enquanto escrevo isso, reflito ainda mais, o quanto tenho usado o meu tempo livre para explorar hobbies… e você, já tinha pensado sobre tudo isso?

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