Afinal, qual o risco dos cigarros eletrônicos

Afinal, qual o risco dos cigarros eletrônicos?

Minha mãe fuma cigarro, meu pai charuto, já eu, nunca tive atração por eles – seja o convencional ou o eletrônico. Não é segredo para ninguém que os cigarros eletrônicos estão ameaçando viciar uma nova geração em nicotina. Eu tenho ficado abismada com a quantidade de pessoas, amigos e conhecidos que fazem uso desses tais ‘pen drives’ de boca e resolvi me aprofundar e entender melhor o que andam falando a respeito deles e quais os impactos na saúde de seus usuários.

Os números são assustadores: O mercado global de cigarros eletrônicos foi avaliado em US$ 21,2 bilhões em 2020 e espera-se que atinja US$ 45 bilhões em 2026. A pandemia teve forte influência em seu crescimento e, infelizmente, cerca de um quarto dos jovens e adultos jovens dos Estados Unidos já os experimentaram – os adolescentes costumam usar pacotes de salgadinho com fundo falso como esconderijos. Já no Brasil, por mais que sejam proibidos, os vapes são encontrados facilmente em tabacarias, bancas e entregues até por aplicativos de delivery por R$ 90.

O risco trazido por eles é grande já que muitos se iniciam no tabagismo a partir dos mesmos. “Se por alguma razão eles não têm o eletrônico, partem para o convencional“, diz a cardiologista Jaqueline Scholz, diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo do InCor (Instituto do Coração).

E qual o impacto na saúde? A verdade é que o ser humano levou quase 7.000 anos para perceber que o tabaco causa câncer de pulmão, garganta e boca, além de causar ataques cardíacos, derrames e danificar os pulmões. Já os cigarros eletrônicos estão por aqui há pouco mais de uma década, então não houve tempo suficiente para descobrir quais efeitos eles terão em nosso corpo. O que sabemos é que eles contêm nicotina, às vezes, em níveis próximos ou até superiores aos encontrados em cigarros comuns e a nicotina é prejudicial ao cérebro em desenvolvimento. Ela tem efeitos poderosos sobre ele, liberando neurotransmissores recompensadores como a dopamina e alterando a química cerebral, portanto, ela é um estimulante que faz as pessoas se sentirem mais alerta, mas quando se esgota, as pessoas anseiam ainda mais. Sem falar o quanto ela também pode interferir na capacidade natural do próprio corpo de fazer dopamina e logo o usuário precisa de nicotina apenas para se sentir normal.

Algumas pesquisas já evidenciaram sequelas na saúde pulmonar e cardiovascular. Seu uso tem sido associado ao aumento da probabilidade de tosse crônica, catarro e bronquite, bem como ao diagnóstico de asma. Outros estudos também mostram a diminuição da função das células imunes nos pulmões, levantando questões sobre a suscetibilidade dos usuários a infecções bacterianas e virais do sistema respiratório.

Indo mais adiante, em outubro de 2019 saiu o primeiro estudo para ligar o seu uso ao câncer e pesquisadores descobriram que ratos expostos ao aerossol do ‘e-cigarette’, durante 54 semanas, desenvolveram carcinomas nos pulmões e crescimento anormal das células da bexiga. E pra piorar tudo, outra preocupação deriva do pulegone – um composto encontrado em extratos de óleo preparado de certas plantas de hortelã e proibido como aditivo alimentar em 2018, pela FDA. Considerado um carcinógeno, ele teve seu uso reduzido em produtos de tabaco de mentol como resultado das preocupações com sua toxicidade. Acontece que hoje ele é encontrado no líquido dos vapes de menta e mentol – o que levanta preocupações sobre a potencial toxicidade destes sabores tãopopulares.

Tudo isso pra lembrar como é importante entendermos que os cigarros matam cerca de 50% das pessoas que os usam e que, por isso mesmo, as empresas de tabaco precisam continuar recrutando jovens para se tornarem viciados a fim de que as mesmas permaneçam no negócio. “O interesse da indústria tabagista é um só: lucro. Ela quer que o jovem comece a fumar o mais cedo possível. Se um adolescente passa a fumar aos 12 ou 14 anos, a chance de se tornar um adulto depende é muito maior“,analisa o pediatra João Paulo Becker Lotufo, especialista em ações de combate a álcool, tabaco e outras drogas da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Vale destacar que o tabagismo mata 8 milhões de pessoas por ano, sendo importante enxergar com preocupação a popularização desse novo jeito de fumar, dessa  nova porta de entrada para esse mal.

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