Preciso fazer um desabafo na edição de hoje – se você é novo por aqui, vai ver que vira e mexe trago tópicos mais palpáveis, mas também trago assuntos mais subjetivos que sinto vontade de dividir e que nem sempre paramos para pensar…
O desabafo é o seguinte… eu estou cansada, muito cansada. Ando correndo pra cima e pra baixo, com a agenda lotada de compromissos, de encontros, de tarefas, e com pouco tempo para mim, para minha saúde mental, para planos futuros, para me concentrar no que quero e no que não quero, eu venho no piloto automático, descendo ladeira abaixo. E aí, ao refletir um pouco a respeito, me dei conta que eu estou vivendo com pressa e, infelizmente, adotando ela como estado de espírito.
‘Hurrying is a state of mind’, mas não tinha me dado conta que eu estou justamente presa nisso, no ‘apressar’, sempre inclinada para o próximo momento, para a próxima coisa que preciso fazer. Você sente isso? Fui entender melhor o que estou sentindo e me deparei com a ‘síndrome da pressa’ que é vista como uma das facetas da ansiedade – quando tudo o que a pessoa quer é terminar logo o que tem para fazer. Ela não chega a ser catalogada como doença, e sim definida como um comportamento compulsivo, em que a pessoa não consegue parar de acumular funções e estar sempre “correndo”. Dorme-se pouco e mal, trabalha-se até o limite (físico e emocional) e, quando há pausa para comer, é de alguns minutos, com olho na tela do celular, respondendo a e-mails. O sentimento é de sempre estar sendo “engolido” pelos afazeres do dia, como se tudo fosse urgente.
Eu não sei se poderia me auto-diagnosticar com a tal síndrome, no entanto preciso aceitar que identifiquei alguns comportamentos suspeitos… e aí fiquei meio em choque.
Por isso, fica a pergunta: podemos, ao invés de focarmos na pressa, no concluir e no tick the boxes, mover-nos conforme necessário, lenta ou rapidamente, sem ficarmos reféns desse estado de espírito? Podemos começar a notar o início e o fim em nossos dias, ao parar entre momentos ( como quando terminamos um telefonema, uma atividade, uma conversa, ou algo que estamos fazendo) sem virar a nossa atenção para outra coisa imediatamente, reconhecendo assim, finais, em vez de levar uma atividade para o momento seguinte? A resposta é sim, devemos!
Estamos sempre praticando algo em nossas vidas. Se não estivermos praticando a calma, é bem possível que estejamos praticando agitação, inquietude, desejo ou falta de vontade. E precisamos estar cientes do que estamos praticando, afinal, o que quer que pratiquemos, sejam habilidades boas ou ruins, progredimos naquilo. E não, não queremos progredir na pressa, na falta de conexão.
Devemos aceitar e fazer as pazes com a realidade de que nunca vamos nos deparar com condições perfeitas em nossas vidas em que não haja nenhuma dificuldade – teremos perdas e ganhos, envelheceremos, adoeceremos e morreremos. Podemos fazer as pazes com isto? Boatos que ao aceitarmos fatos que são indiscutíveis, muito da agitação de nossas vidas começa a acalmar.
Bora praticar o desacelerar e enxergar pausas ao longo dos nossos dias, entre tarefas, entre encontros. Vamos aceitar certo descontrole e deixar mais o fluir reinar.
Termino a reflexão com uma frase bem impactante que li de Viktor Frankl, um sobrevivente do Holocausto: “entre estímulo e resposta, há um espaço. E nesse espaço está nosso poder de escolher nossa resposta. Em nosso poder de escolha, está nosso crescimento e nossa liberdade”.
2 respostas
Oi! Espero que esteja bem. 🙂
Muito reflexiva você hoje. E me deixou também (adooooro).
Tenho pensado mais sobre essas coisas ultimamente, “mindfulness”, ser multitarefa… Eu ainda sofro com aquela sensação de devia estar fazendo algo produtivo quando estou fazendo tarefas mecânicas (por exemplo, escutar aulas enquanto lavo a louça). É é difícil se acostumar, né?
Há algumas semanas, tenho feito yoga em casa e uma das coisas frisadas em todas as aulas é estar presente de corpo e alma. Focar na respiração e simplesmente estar ali, para você. Tem me ajudado.
Até mais!
maravilhoso! fala mais sobre isso pls pois acho que muitos de nos estao nesse estado responsivo.