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 Você já ouviu falar em freudenfreude? 

Você costuma celebrar as vitórias dos seus amigos ou diante delas acaba vibrando na inveja e tristeza? Recentemente, me deparei com comentários críticos e negativos num post de uma pessoa que sigo – ela só celebrando uma conquista, os outros, simplesmente achando pêlo em casca de ovo e motivos para ‘destruir tal alegria’. São os tempos da comparação em que vivemos, no qual alimenta-se ainda mais a falsa sensação de que a ‘grama do vizinho é mais verde’, enfatizando o hábito da comparação e do ‘torcer contra’ – fato que contribui para nos deixar para baixo, nos fazendo ‘esquecer’ de comemorar as conquistas daqueles que amamos.  

Aí fiquei com isso na cabeça e durante minha leitura dominical me deparei com um recém artigo publicado no NYT, que traz o conceito de “freudenfreude” – você já ouviu falar nele? Achei mais pertinente do que nunca trazer o tema pra EYN. Pois bem, freudenfreude é o oposto de schadenfreude, o hábito do ser humano ter prazer com a derrota/fracasso dos outros. Ou seja, é uma palavra que descreve aquele ato de encontrar prazer na boa sorte de outra pessoa – um termo inspirado na palavra alemã que significa “alegria” – que descreve a felicidade que sentimos quando outra pessoa é bem sucedida, mesmo que não nos envolva diretamente.

Mas, eu tenho a sensação de que o mundo está se tornando cada vez menos empático, cada vez mais com schadenfreude e menos freudenfreude – e você? Especialmente depois da pandemia, as pessoas têm menos paciência tanto para ouvir como para serem ouvidas, contribuindo para o aumento dos casos de violência e agressividade. 

A comparação é onde começa o schadenfreude…

Brené Brown dedica o capítulo 2 do seu livro, ‘Atlas of the Heart: Mapping Meaningful Connection and the Language of Human Experience’, ao termo schadenfreude. Ela discute como é natural nos compararmos aos outros, com amigos e até com aqueles de quem não gostamos, afinal, por natureza, somos competitivos. Quando vemos alguém que está melhor ou pior, não temos escolha a não ser fazer uma comparação social. Ela reforça como as redes sociais agravam isso. Na ponta dos dedos, agora temos comparações constantes e é na comparação onde o schadenfreude se infiltra. 

Vivemos em um mundo que se preocupa em perseguir a perfeição e ver os erros ou infortúnios dos outros pode nos fazer sentir bem, como se não estivéssemos sozinhos em nossas decepções, mas fizéssemos parte de uma comunidade de fracassados.  Também pode nos dar uma vantagem competitiva para nos sentirmos superiores a alguém.  Sem hipocrisia, estas emoções são universais, e todos nós as sentimos até certo ponto.  Provavelmente você até sente culpa ao sentir isso, mas saiba que elas fazem parte do ser humano. Mas há um equilíbrio delicado aí que precisa ser atingido – caso estes sentimentos te consumam, você provavelmente terá sua criatividade destruída, dificuldade em fazer conexões significativas com os outros, uma diminuição de sua autoestima e até em casos mais graves, depressão.

Sabemos que é impossível parar de nos compararmos, mas podemos escolher entre deixar ou não que essas comparações afetem nosso estado de espírito ou nossa autopercepção. Portanto, fica o meu convite: que tal colocar mais freudenfreude em sua vida? Ela pode “promover a resiliência, melhorar a satisfação com a vida e ajudar as pessoas a cooperar durante um conflito”, de acordo com o The New York Times. 

Ah, e por fim, achei interessante também que tal prática pode ajudar a dar um nome (e potencialmente um rosto) ao seu sentimento de inveja – um sentimento do qual todos sofremos, mas tendemos a enterrá-lo debaixo do tapete. No artigo (gift link), você encontra dicas de como experienciar mais freudenfreude. 

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