Você sabe o que quer

Você sabe o que quer?

Confesso que estava sem inspiração essa semana do que trazer pra vocês quando de repente me veio um estalo e aqui vou eu me arriscar… Essa semana uma amiga minha estava me dando uns conselhos e me falou uma coisa que me marcou demais: é importante você saber exatamente o que você precisa e quer e aí levar a questão adiante para terceiros.’ Ela me disse que tinha um chefe que falava que o importante é saber fazer a pergunta, porque a resposta a gente sempre consegue comprar, mas o problema é quando você nem sabe o que perguntar… E aí me veio na cabeça que muitas vezes a gente nem sabe o que quer (perguntas entram nessa) e então te questiono, como podemos saber o que realmente queremos? Como você sabe o que quer?

Nossa vida é feita de desejos, vontade e planos, e é por isso que podemos acabar sobrecarregados por essa infinidade de desejos concorrentes – devo apostar em A ou B? Começar o trabalho com X ou Y? Começar a correr uma maratona e treinar cedo ou dormir mais pra render no trabalho? A real é que a vida é cheia de maratonas, e elas não envolvem necessariamente correr. É importante entender quais maratonas valem a pena e quais devemos deixar para trás.

Eu como boa aquariana que sou, adoro experimentar novidades e navegar em mares desconhecidos. Acontece que, na maioria das vezes, acabo ‘bodeada’ e enjoando rápido daquilo e me pergunto, por quê? No fundo talvez aquilo não fosse o que eu realmente queria e, sim, fruto de alguma pessoa/lifestyle que influenciou o meu desejo. É aí que começo a chegar onde quero.

Fui pesquisar um pouco a respeito e descobri que o pensador contemporâneo e teórico social francês, René Girard, é considerado expert em entender o mistério do desejo. Girard percebeu que o desejo tem uma característica peculiar: ‘gostaríamos que nossos desejos viessem de nosso eu mais profundo, de nossas profundezas pessoais, mas se viesse, não seria desejo. O desejo é sempre por algo que sentimos que nos falta’. O que ele quer dizer é que o desejo não pode ser controlado ou fabricado por nós mesmos, ele é em grande parte produto de um processo social. Complementando, para ele, ‘o homem é a criatura que não sabe o que desejar e ele se volta para os outros a fim de tomar uma decisão’, ou seja, o desejo é um processo social – é mimético, não vêm de dentro; ao contrário, nós imitamos o que as outras pessoas e a cultura ao nosso redor querem.

Por isso, deixo aqui a lição de casa aproveitando que vamos entrar em um novo ano. Caso você queira ter uma compreensão mais profunda de seus próprios desejos e vontades e, consequentemente, assumir mais controle sobre eles: identifique as pessoas que te influenciam para, assim, aumentar a sua capacidade de se libertar desse hábito de mimetizar e se libertar do ciclo em que estamos presos.

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